segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Carlos Gomes no Mapa do Brasil (45)



Para quem não conhece, Mortadelo y Filémon são uma dupla infernal. No Brasil, a criação do espanhol Francisco Ibáñes recebeu o nome de Mortadelo e Salaminho. Comics de absoluto non sense e a imagem deste post ilustra bem isto (observe os cadarços soltos, as cinco (?) mãos de Mortadelo e as de Salaminho, a lagosta no bolso da calça)
A dupla vive às turras com uma série de criminosos. Ah, sim... Eles são detetives e têm milhões de soluções malucas para prender os bandidos, acabar com as quadrilhas perigosíssimas que destruirão o planeta sem a intervenção  quase sempre idiota de Mortadelo e o apoio discreto de Salaminho.
Lembrei dos dois porque pesquisava o significado do nome Filemon.
O nome de certo edifício chamou minha atenção: Condomínio Residencial Filemon  (leia mais). Não por acaso – não deve ser isto – li matéria sobre o livro que o Gustavo Piqueira está lançando sobre fotos curiosas da cidade de São Paulo enomes dos edifícios
Pois é. Por que Filemon?  Homenagem ao Mortadelo e Salaminho?
Ou uma referência à eleição do congressista americano Filemon Vela?
Entre todas as referências, acho que o melhor foi ter conhecido um pouco da obra do genial fotógrafo Filemon Lopez, nascido em São Luiz Potosi, no México. Vale a pena conhecer seu trabalho.
Como tudo na vida, uma coisa puxa outra e outra e outra.
Filemon  (File –arquivo – e Mon – monitor) é também o nome de um processador de monitor para ambiente Windows, hoje em desuso.
Muito bem.  Nesta grande mistura, a Rua São Luiz (referência à cidade Natal de Filemon Lopez) corta a rua Database (novamente a informática e não me perguntem por que uma rua com este nome) que termina na Av Duque de Caxias, a uma quadra da Rua Maestro Carlos Gomes, na cidade de Lins, do Estado de São Paulo, onde fica o  Condominio Residencial Filemon.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Bob Wilson em movimento.


Montagem sobre cena em p&b do Anel do Nibelungo de Bob Wilson e ingresso
by cepê

Watermill Center é uma instituição americana. Como também é Bob (Robert) Wilson.
Aos 71 anos, Bob Wilson construiu uma marca de largo espectro, trabalhando com todas as possibilidades que a arte oferece. Assim, enquadrá-lo como diretor, coreógrafo, performer, escultor, pintor, designer de som e luz, arquiteto, vídeo artista ou designativos semelhantes não deixa de ser uma forma involuntária de redução. Bob é um artista sem limites, cujos limites são aqueles impostos por ele mesmo.
Radicaliza quando extrai a emoção das palavras cantadas, exclui os contatos visuais dos diálogos e traduz o movimento em gestos contidos ao extremo e sem necessariamente um significado claro para a plateia (leia mais). Tudo passa a ser forma, com linhas verticais e horizontais que se movem, sem economia de espaços, sem objetos, com luz e contraluz todo o tempo. Desenhos que imprimem uma logotipia própria, um carimbo de si próprio de encantamento inevitável.
Sua obra é magnífica. Não há quem não veja com prazer a profusão de formas visuais que cria com a luz e a insistência com que transforma todas as cenas em fotogramas diferentes uns dos outros, com precisão cirúrgica a subtrair o máximo da sua imaginação, numa interpretação de gestos mínimos sem qualquer similaridade concreta com os teatros nô,kyogen ou kabuki japoneses. Ou seja, independente das suas eventuais referências, a obra de Bob Wilson é única, expressão de sua maneira de ver os textos que interpreta e de caráter universal já que entrega o espetáculo acabado com uma assinatura própria.
Uma constatação disto tudo, esteve presente na recente apresentação da sua versão de Macbeth, a ópera de Giuseppe Verdi, baseada na peça homônima de William Shakespeare. Anunciado como Macbeth de Bob Wilson, o espetáculo entra na galeria onde estão a Madame Butterfly de Bob Wilson, o Anel do Nibelungo de Bob Wilson e mais de 60 outros títulos de Bob Wilson.
Mesmo que se fale da “fórmula Bob Wilson” de fazer teatro e ópera, mesmo que se critique sua adequação ao establishment que o premia com fartos recursos em todo o mundo, é fato que sua obra é objeto de louvação publica por plateias e artistas de várias formas de expressão.
Abrindo mão do distanciamento (inclusive épico), da ilusão dramática, da relação direta entre personagens previamente concebidos, seu trabalho é classificável de pós-dramática (ver Teatro Pós-Dramático, de Hans-Thies Lehmann) e Bob Wilson ratifica isto ao não perseguir uma adesão integral do expectador, mas um exercício da sua percepção aos estímulos provocados por sua luz cenográfica. Não há mesa em Macbeth, mas dois fios de luz paralelos criando um tampo imaginário no ar. Não há parede no quarto de Lady Macbeth, mas um tecido sugerido por lantejoulas douradas gigantes presas a fios, da mesma forma que seu céu estrelado é feito por lantejoulas mínimas também fixas da mesma maneira e submetidas a movimentos aleatórios inevitáveis refletem – faíscam – uma delicada luz pontual sob um fundo azul escuro. Não existem objetos. Ou melhor, poderiam não existir objetos. Da mesma maneira que não há carta, não seria necessária a faca usada por Macbeth que Bob Wilson mantém, ou mesmo as adagas dos assassinos. Desnecessária a cadeira com o tecido branco que desce lentamente presa a um fio aparente para simbolizar a aparição de Banquo no trono de Macbeth? Wilson mantém a cadeira. Bastaria o tecido, uma fumaça, um vento. Dirigir também é optar. É provável que em montagens futuras a cadeira suma.
Assistir Bob Wilson tornou-se uma obrigação intelectual e talvez por isto, certo dejá-vu é também inevitável.
Ao contrário do dejá-entendu desejado pelo público de ópera, os espetáculos de Bob Wilson tendem ao blasé do contato com a alta tecnologia técnica.
Torna-se um contraponto interessante ver a maioria das produções de ópera nacionais em que se conta em pouco mais da metade dos dedos da mão esquerda, os diretores que não abusam do excesso de elementos simbólicos atribuindo significados para além do texto, misturando alegorias futuristas, religiosas, sociais, pseudopolíticas, com incontrolável profusão de ideias, sem qualquer significado no mesmo espetáculo, ou a opção pela linearidade explicita, muitas vezes cópias mal transcritas de dvd’s importados.
O teatro de Bob Wilson trabalha o movimento do ator e não a ausência dele como podem apressadamente supor alguns. É sua opção usar o movimento daquela forma.
Nada mais contemporâneo do que propor que o movimento determine a interpretação da música – do texto – assumindo ser a razão do trabalho do ator (que age). Mesmo que esta ação seja de aparente ausência, ou até de distanciamento da partitura proposta. Isto não significa ausência de meios, de cenários, de figurinos, mas de equilíbrio e uma pesquisa que tanto pode evoluir para a extrema contenção dos movimentos ou a sua naturalidade próxima do real imaginado (aí sim, a criação).
Há quem não goste e odeie Bob Wilson pela ausência do apego aos diálogos.
Sendo a ópera um espetáculo de teatro musical, seu compositor originalmente definiu os tempos da ação. É natural e esperado por certa parcela de público que, em Macbeth, por exemplo, o diálogo dos três grupos de Bruxas seja exposto de maneira criativa pelos diretores, ou, também como exemplo, que os dois grupos Assassinos conversem entre si, que se estabeleça o diálogo entre os homens de Malcolm e Macduff, preservando a estereografia de Verdi. Ou ainda que a personalidade forte de Banquo como opositor de Macbeth seja valorizada por suas reações antevistas pelo compositor. Ou seja, sob a alegação de que seu trabalho não traduz a obra original e com isto não contribui para a compreensão do texto, odeia-se Bob Wilson por excluir da sua interpretação detalhes explícitos pelo compositor na partitura. Rejeita-se Bob Wilson porque seu trabalho aparentemente engessa o cantor e o põe na arena obrigando-o a cantar pleno, movendo-se como um fantoche ou, por ironia, como boneco de playmobil. Isto não impede, entretanto, que se reconheça o valoroso baixo Carlo Cigni, interprete de Banquo.
Aos comentários de que a música é boa por si, é bom lembrar que ópera é teatro musical ao vivo executada dentro de convenções formais e Bob Wilson faz teatro: o teatro dele.
Ama-se e odeia-se Bob Wilson. Escolha um lado e divirta-se.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

As periferias e os trabalhadores da cultura: uma visão na cidade de São Paulo.

Texto publicado originalmente no site Cultura&Mercado em 14 de Novembro de 2012.


Prefeitos em início de gestão têm um olho no caixa e outro na política. Garantida a governabilidade, as demais secretarias são apresentadas em regime de conta-gotas diárias.

Nesta etapa, todos aqueles que dependem direta ou indiretamente das decisões que definirão rumos e possibilidades de trabalho na Cultura para os próximos quatro anos, alimentam-se de expectativas. Esta é uma constatação importante.

Para a população de um modo geral, a interação com as formas de expressão acontece numa etapa em que os programas já estão consolidados, em andamento ou não (leia mais). Para os trabalhadores da Cultura, as decisões acerca dos novos modelos de gestão são cruciais para definir questões elementares tais como a própria sobrevivência. Artistas, técnicos e produtores dependem fundamentalmente de recursos públicos, pois, como é sabido, bilheterias não garantem a remuneração a todos os que compõem a cadeia produtiva dos espetáculos. Outras formas de expressão que dependem da difusão de sua obra e reconhecimento para que seja comercializada, em outras escalas também estão associados às mostras, editais e atividades de fomento. Assim, resumidamente apresentada, são duas as pontas dependentes das políticas a serem adotadas pelos novos Governos. De um lado a comunidade a quem os projetos são dirigidos e de outro aqueles que criam e produzem Cultura. Não estou levando em consideração a própria consolidação dos projetos políticos relacionados ao sucesso efetivo das administrações.

É, portanto, significativa a expectativa criada pela futura gestão da Cidade de São Paulo em torno de novos Centros Culturais a serem construídos em regiões da periferia.

Não tenho dúvidas quanto à necessidade da criação de novos espaços culturais e qualquer medida nesta área é pouco se considerado o tamanho da cidade e as enormes carências. A tendência de se fazer espaços plurais também me parece imprescindível pelas medidas inclusivas implícitas.

Por razões naturais, qualquer iniciativa desta natureza possui prazos de viabilidade, ou seja, a implantação dos centros exige um longo caminho entre definição de espaços, projetos construtivos, aprovações gerais e licenças, inclusão no orçamento do município, eventuais desapropriações, projeto executivo e outras providências. É de se esperar que estes espaços possuam funcionalidades objetivamente definidas e sejam concluídos plenamente equipados para abrigar as mais variadas expressões artísticas, musicais e cênicas.

Esta e outras decisões não podem, entretanto, ser impeditivas da continuidade dos processos culturais em andamento, nem limitadoras do aperfeiçoamento e acréscimos que se espera a cada novo governo.

Na esfera de organismos como o Theatro Municipal, por exemplo, serão necessárias providências emergênciais relativas aos mecanismos de funcionamento do próprio teatro em si. Recentemente abrigado numa fundação de direito público, é urgente a regularização do seu corpo funcional, a definição do seu calendário para os próximos anos, a multiplicação de suas atividades e a ampliação do seu papel como instrumento gerador de conhecimento. No mínimo, garantir o fluxo natural de sua atividade fim.


A cidade possui dinâmicas que afetam não apenas o seus cidadãos, mas também aqueles que a visitam. Segundo a SP Turis, a cidade de São Paulo recebeu 11,7 milhões de turistas em 2010. Sem considerarmos os incomes dos eventos esportivos internacionais próximos, mantida a mesma taxa de crescimento com relação a 2009 (3,9%), a cidade receberá pelo menos 13 milhões em 2013, numa relação de aproximadamente 80% de turistas nacionais.  É pouco. Mal comparando, a cidade de New York possui na sua região metropolitana pouco menos dos 19 milhões de habitantes da Grande São Paulo (36 municípios circunvizinhos) e recebe mais de 50 milhões de turistas por ano. Não deixa de ser uma referência mundial a sua concentração de teatros, museus, casas de ópera, escolas de formação. Isto não significa que o modelo americano nos sirva integralmente, mas é significativa a receita obtida da perfeita combinação entre turismo de negócios, de compras e cultural.

É inconcebível imaginar a cidade sem ações culturais importantes e estruturadas na sua região central. Seria um erro tão grave quanto supor a subversão das naturais ocupações dos espaços existentes, ou ainda não se privilegiar atividades culturais nos raios extremos da cidade. Pelo contrário, equilibrar estas necessidades deve ser a tônica do plano de ação de qualquer gestão municipal. Preferencialmente se forem axiais os programas que aperfeiçoem e formem agentes, difundam a cultura em todos os níveis, fomentem a produção cultural nas vertentes constituídas, espontâneas ou acadêmicas e segundo suas características. Tudo isto, livrando a cultura das amarras dos modelos atuais de leis de incentivo, aperfeiçoando os mecanismos de fomento.

Como o processo é complexo entendo ser fundamental investir na produção, qualificando resultados. Isto é estratégico, pois é daí que se criará a dinâmica interna tão desejada quando a cidade assume os seus bens culturais, extraindo o que há de melhor realizado nos vários segmentos e promovendo sua interação com as inúmeras plateias, independente de onde estejam no mapa da cidade. Lembrando que mesmo sem um estudo demonstrativo das intersecções de público entre atividades culturais distintas, é de se supor que cabe ao indivíduo a escolha das expressões que lhe interessam em particular. Propor um cardápio múltiplo é estabelecer um princípio elementar de franquia de direitos. Ao mesmo tempo, é inconcebível que persista um modelo perverso em que empresas privadas não invistam verbas próprias em projetos culturais específicos. Este diálogo precisa ser ampliado com todas as áreas de marketing e que sejam apontados os valores agregados, pelo menos aos espaços exemplares como, por exemplo o próprio Theatro Municipal. Como contrapartida a estes investimentos privados, cabe ao município oferecer a garantia de excelência, solidez de objetivos e capacidade de realização.

Tarefa difícil, mas, mais uma vez, temos a oportunidade de produzir um modelo aperfeiçoado para a cidade de São Paulo, estimulando a oferta e o seu aproveitamento por todos os que tiverem interesse, incentivando os mais jovens e dando-lhes a oportunidade de acesso em horários alternativos criados quando as ocupações estiverem plenas. Hoje já é comum vermos grupos de várias áreas da cidade assistindo espetáculos de dança, de ópera, de teatro, visitando exposições etc. As condições de acessibilidade melhoraram muito e as experiências nesta direção também assinalam com o quanto podemos tornar mais democratica esta cidade. São necessárias mais ações urgentes junto às comunidades, associações e entidades de forma a identificar potenciais de demanda e condições de atendimento.

Ampliando parcerias e, com isto, as fontes de recursos driblando as dificuldades de investimento, é perfeitamente possível multiplicar significativamente a oferta de bens culturais, sua circulação inter-regional na cidade, identificar e desenvolver novos atores no processo, dando mais um salto qualitativo nas relações da Cidade com seus moradores.


(*) Gal Oppido é um dos mais geniais fotógrafos brasileiros. Tive a satisfação de integrar a equipe liderada por Rosana Caramaschi que editou o livro São Paulo 2000, um documento importantíssimo, totalmente dedicado ao ensaio de Gal sobre a cidade de São Paulo na virada do milênio. Este livro pode ser encontrado nas principais bibliotecas brasileiras e, com sorte, alguns exemplares em sebos do Brasil e do exterior.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Carlos Gomes no Mapa do Brasil (44)


Cachaça(*)
Pium é um mosquitinho chato e, quando pica, deixa uma coceira danada.
Não fosse sério, o texto de Henri Saint-Hilaire, descrevendo trecho de sua viagem no livro Viagem às nascentes do rio S. Francisco e pela província de Goiás, provocaria risadas: “Chegado a Formiga fui apresentar ao comandante da povoação a carta que o capitão-mor de Tamanduá me entregara para ele, e na qual lhe dava ordem para e arranjar um pedestre para me escoltar até Pium-í.”
Acho livros de viagens fascinantes.
A história do achamento das terras onde se instalaria o Brasil, não teria o sabor que possuí não fossem os relatos de Pero Vaz de Caminha (saiba mais). Imaginem os vários outros que certamente se encontram depositados na Torre do Tombo em Portugal e sequer lidos ainda, autorais de viajantes dos navios da frota de Cabral.
Aliás, seria bem interessante conhecer a descrição do dia a dia do navio do inglês Sir Richard Hawkins  feita por um escriba inglês e outro espanhol, se lhes fosse permitido estar a bordo ao mesmo tempo. O primeiro o veria como um herói e o segundo como um pirata. Interessante, não? Para ambos, era o capitão de um navio que circulou nas costas brasileiras levando um alambique utilizado para destilar a água do mar. 
Um alambique muito semelhante aos encontrados na Casa do Alambiqueiro, na rua Coronel José Justino Nunes que atravessa a Rua Carlos Gomes, na cidade de Formiga, no Estado de Minas Gerais. 

(*) Cachaça é uma bebida tipicamente brasileira e fruto da destilação da cana de açucar em alambique. Saiba mais no blog Alambique Artesanal, da cidade de São Pedro de Alcântara, em Santa Catarina, só para embolar um pouco mais a história. Em São Pedro de Alcântara não existe a Rua Carlos Gomes.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Dilemas Contemporâneos da Cultura (83)

Le chemin du ciel - Renê Magritte

O texto do professor Luiz Armando Bagolin publicado na Folha de São Paulo de 8 de novembro, é importante por manter em discussão a Cultura, um tema que, bastando olhar as matérias publicadas nos vários jornais acerca da transição de governo, é ausente quando se apontam as áreas em foco dos partidos e grupos partidários, apesar de interesse estratégico para o desenvolvimento de qualquer cidade. 
Voltarei ao tema (veja detalhes).

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

De Blog para Blog (3)


O site Cultura e Mercado com seu jeitão de blog é uma das referências para quem acompanha as decisões da área da Cultura. 
Por reunir pontos de vista diferentes e de profissionais que atuam na área, tornou-se leitura obrigatória(veja detalhes).
Leia no site o artigo deste autor publicado em pontos de vista.* 


* publicado neste blog em 1/11

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Acontece lá fora (1)

Joseph Calleja. Photo © Decca/Mitch Jenkins

O tenor Joseph Calleja dá uma boa ideia para transformar pessoas, aproveitando sua imagem profissional, criando um coro que integra a comunidade de Malta em torno da música de qualidade.




sábado, 3 de novembro de 2012

Virada Cultural no Theatro Municipal? (II)


               Cena do Espetáculo Andradianas no hall do TMSP*

O editorial Cultura na Periferia da Folha de São Paulo de hoje (3 de Novembro de 2012) me leva a retomar o tema.
Ainda que seja natural e necessário se falar em descentralização e ampliação da oferta de bens culturais na periferia de São Paulo, recuso estas expressões por acha-las não abrangentes o suficiente.
Imagino a Cidade como uma grande balança de pratos e pesos desiguais dispostos numa rede de braços comunicantes cheia de gargalos e torniquetes. Não há uma periferia. São várias periferias de si mesmas, com formas e culturas próprias, maneiras de pensar diferentes entre si, com demandas particularíssimas. Neste sentido, estamos acostumados a ver a cultura do SESC, do SESI, da Cidade, do Estado, das Associações e Clubes de Serviço.(segue) 
Cada força buscando soluções próprias, tentando cumprir seu papel nas suas possibilidades e com seus focos específicos.
Ora, o desafio de qualquer governo que chega é de forma legítima admitir o que funciona nas políticas públicas propostas pelo governo anterior e mantê-las em andamento, se possível aperfeiçoando maneiras de executar, ampliando seu escopo, criando formas de satisfazer seus próprios programas sem excluir ou limitar as virtudes do modelo antecessor, sem qualquer receio de mudar ou manter pessoas, de implementar melhorias.  Ao mesmo tempo, por em prática as ideias próprias agregando valor à gestão da cultura na cidade, de modo a criar o “mesmo problema” para gestões futuras.
O que se espera, portanto, é que se crie um ciclo virtuoso de larga permanência utilizando a sinergia criadora da Cultura para estabelecer novos e consistentes parâmetros de sustentabilidade.
Sabemos que o prefeito Haddad é um homem sensível e durante sua gestão no Ministério da Educação patrocinou iniciativas na área da música clássica. Independente deste e outros gestos semelhantes, o prefeito possui esta abrangência na sua história pessoal e, ao lado dele, sabemos que são muitos os bons intelectuais dos vários partidos que constituem a sua base política com a visão alargada nesta matéria.
Mas, retomo o tema, não por isto. Acho importante que se mantenha esta discussão em alta. Precisamos discutir a Cultura na Cidade de São Paulo independente de cores partidárias e desejos pessoais. Afinal temos 4 anos pela frente, com dois enormes espetáculos esportivos internacionais, uma eleição para Presidente e Governadores e, com isto, todos os elementos para que passemos em banho-maria na área.
No Editorial de hoje, a Folha é contra faixas fixas de Orçamento para a Cultura.
Sou a favor. Explico.
Concordo com a criação de Fundos destinados ao Fomento, Formação e à Difusão Cultural, muito embora tenha também várias dúvidas quanto aos mecanismos mais adequados para distribuição de recursos e bom uso dos recursos públicos. Definidas as políticas, é quase natural a definição dos programas e creio ser mais eficaz a definição por "micro" áreas de ação, mas isto carece de debate.
Há alguns anos, conversava com um prefeito de uma cidade com mais de 150.000 habitantes, quando estava no auge a discussão da famosa PEC 150. Dizia ele “ser um absurdo obrigar o prefeito a destinar dinheiro para a Cultura, pois, deste jeito (sic) não dá para o executivo criar nada, pois está tudo amarrado. Educação, saúde, vá lá, mas Cultura?”. Com todo o cuidado para não arrumar um inimigo mortal, conversamos longamente e disse a ele que determinadas áreas como a Cultura, em minha opinião, precisam ser preservadas mesmo que seja com valores mínimos além da atividade meio (pagamentos de alugueis, salários do funcionalismo, estruturas das Organizações Sociais etc.), pois obriga a Prefeitura a destinar esforços para uma área que, no entendimento da maioria dos políticos, não rende voto (acho isto outra fábula).  Também argumentei que, longe de engessar o executivo, permite dar ao governante a perspectiva de ser criativo elegendo prioridades, colocando em prática as relevâncias de seu programa, mantendo e aperfeiçoando o que já funciona, inclusive dando a ele a oportunidade de demonstrar publicamente o que colocou de recursos além daquilo para o que foi obrigado legalmente, seja por aumento de arrecadação, por parcerias que tenha realizado com o setor privado ou ainda recursos obtidos dos demais poderes.
Não parece lógico?
Quanto à afirmação do editorlal de ser “descabida” (sic) e “pueril” (sic) a proposta de “democratizar” o Municipal, como explicito no programa de Governo do prefeito Haddad, já me manifestei no post anterior.

*foto obtida com dispositivo móvel, com performance envolvendo cantores do Coral Paulistano, bailarinos do Balé da Cidade, músicos e figurantes, no espetáculo "Andradianas", comemorativo da Semana de Arte Moderna de 1922, no saguão do Theatro Municipal de São Paulo, demais dependências e incluindo a Praça Ramos de Azevedo, em fev. de 2012.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Virada Cultural no Theatro Municipal de São Paulo?

Ópera Pedro Malazarte - TMSP       Fev. 2012                    foto by Sylvia Masini

A matéria de capa da Folha Ilustrada de 1 de novembro de 2012, sob o titulo Virada Cultural? não esconde o pessimismo da dúvida sobre os futuros da Cultura na gestão do prefeito Haddad.  É também com apreensão que vemos na página 3 uma síntese da proposta do governo para a Cidade de São Paulo, especificamente no que diz respeito ao Theatro Municipal de São Paulo.
Segundo o jornal, o programa tem como proposta “Requalificação e Democratização do uso do Theatro Municipal” e, como solução apontada, a “abertura das salas para Festivais de teatro e poesia, além de dança e música”.
Toda redução pode levar a erros de avaliação. Pelo bem da cidade, espero que haja aí um erro desta natureza (segue).
O Theatro Municipal é um organismo complexo, cuja qualificação prevê a realização de espetáculos de ópera, de dança, de música de concerto e recitais. Para isto, o TMSP conta com duas orquestras, dois coros, o balé da cidade, seu museu e a infraestrutura adequada para viabilizar estas atividades, além das escolas correlacionadas como a escola de bailado e a de música. Estamos falando da Orquestra da Cidade (Orquestra Sinfônica Municipal), da Orquestra Experimental de Repertório, do Balé da Cidade. São grupos da Cidade de São Paulo, da maior cidade do país, da maior cidade da América Latina, uma das cinco maiores cidades do mundo. Sem qualquer ufanismo, não estamos falando de pouca coisa. É um tema de extrema importância para a cultura do país. O Theatro Municipal é um bem a ser preservado de maneira íntegra.
Todos que atuam nos segmentos relacionados à musica clássica e ópera sabem que além do público que lota os espetáculos, há uma demanda latente na cidade, com amplas possibilidades de desenvolvimento de plateias para os gêneros que, em primeira análise são essenciais para a formação intelectual da sociedade, para ampliação do seu reconhecimento de valores.  Não é uma citação banal dizer que o “homem melhora quando a cultura melhora”.
O Theatro Municipal é em si um espaço democrático e, como em qualquer teatro (público ou não) a admissão de plateias é feita sob venda de ingressos.
Claro que é uma leitura rasa imaginarmos que tornar um espaço democrático seja criar gratuidades, ou reduzir preços de ingressos.
A questão exige larga reflexão. Do mesmo modo que requalificar não deve significar modificar as funções do teatro, extinguindo, por exemplo, seus profissionais e passando a desenvolver outras atividades que não aquelas a que o espaço se destina, democratizar não deve significar autorização de uso daquele equipamento público para outras atividades que não aquelas adequadas à infraestrutura instalada.
Concordo plenamente que ao Theatro Municipal de São Paulo caiba um espectro do tamanho desta cidade.
Em primeiro lugar, é necessário e consequente estabelecer-se uma relação mais abrangente com São Paulo. O Theatro, ao contrário do que se projeta, precisa estar mais presente na vida da metrópole. Dentro dele há muito talento, muito gente qualificada, profissionais de altíssimo nível em condições de dar a contribuição exata que esta cidade precisa.
Tenho várias vezes comentado que a cidade deseja mais um ou dois teatros municipais para levar aos bairros este conhecimento acumulado e as produções apresentadas na praça Ramos já que os seus pouco mais de 1500 lugares são insuficientes para atender  a todos que gostariam de frequentar o teatro. Deve ser sua função social criar mecanismos que ampliem o acesso de mais pessoas à sua produção. Tarefa desafiadora que implica em novos orçamentos, na participação de novos agentes (privados e públicos) no processo.
Não é necessário um exercício muito complexo para se admitir a necessidade de se estabelecerem novas relações de custo de produções, de melhor aproveitamento do repertório constituído, da criação de corpos fixos de solistas, do estimulo ao surgimento de novos “ensembles” na casa (além do já excelente Quarteto de Cordas fundado em 1935 por Mário de Andrade e em permanente renovação artística), da ampliação da formação de mão de obra técnica estendendo a ação institucional a outros organismos parceiros, de estimular a publicação de literatura específica, de desenvolver o Museu do Theatro em padrões adequados, de posicionar o Theatro de maneira abrangente na comunidade internacional, notadamente rever seu papel na América Latina e a sua contribuição para a consolidação dos mecanismos de intercâmbio de produções e de pessoas,  de ampliar significativamente a presença do teatro na comunidade.
Sem dúvida, este é um desafio de gestão importante para a nova Prefeitura e somo a minha expectativa positiva à dos profissionais, da plateia constituída e do publico latente.  Afinal, estamos tratando de franquia de direitos constitucionais: acesso à Cultura.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Carlos Gomes no mapa do Brasil (43)


Em 1871, abria as portas o restaurante La Peseta. Abrir as portas é um modo de dizer, pois o pequeno espaço onde o casal Vicente Alegre e sua mulher Teresa vendia comidas no nº 6 da Calle Señor Ovalle era ainda um primitivo ponto de encontro de quem gostava de petiscos, bebida boa. 
Hoje, 6 gerações mais tarde, o La Peseta é um tradicionalíssimo restaurante à Plaza de San Bartolomé, nº 3 onde se pode comer deliciosas postas de bacalhau ou mesmo o simples - mas igualmente saboroso, congrio al ajoarriero (veja sugestão de receita aqui)
Não deixe de experimentar o pastel de Almiendras, de indiscutível sabor característico do La Peseta.
Saindo do La Peseta, imediatamente à esquerda está o Museu Romano, outra visita importante em Astorga, na Espanha. Na mesma praça, a poucos passos dali, está outro restaurante: a Casa Maragata (II).
Pois muito bem, Maragatería (em castelhano) é uma região história da Espanha (mais precisamente a provincia de Leon) com a capital Astorga. Quem nasce na região é denominado maragato e foram eles os responsáveis pela colonização da Argentina (Viedma) e do Uruguai (San José de Mayo).
A cidade de Astorga, na Espanha, diz uma* das versões da história, é onde parou o dedo do engenheiro russo Wladimir Babkov no mapa, quando escolhia aleatoriamente o nome daquela que seria  a cidade de Astorga, no Paraná, terra natal de Chitãozinho e Xororó com uma praça em seu nome, com um espelho d'agua em formato de viola.
Cidade onde também se localiza a Rua Carlos Gomes, cruzada pela Avenida Brasil e pela Rua Santa Fé. 
Curiosamente, Carlos Gomes, estreou a sua primeira ópera composta na Itália, Il Guarany, em  março de 1870. Em dezembro deste mesmo ano, a ópera estreia no Brasil em 2 de dezembro, comemorando o aniversário de D. Pedro II. Carlos Gomes esteve presente, claro. 
Poucas semanas depois, em fevereiro de 1871, Carlos Gomes retorna à Europa, onde criaria outros trabalhos com grande sucesso. Mais ou menos à época em Vicente Alegre abria o La Peseta.

* numa segunda versão, "mais oficial" que a primeira porque é divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é que a origem do nome Astorga constituiu homenagem ao General Ascoot, um dos diretores da Companhia de Terras Norte do Paraná, natural do Condado de Astorga na Inglaterra. O problema nesta versão é que não se acha nada sobre o tal Condado na Inglaterra (quem achar me conte). Como não quero confusão, fica também a segunda versão. 

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

À mesa com as cebolas (1)

Quinoa - o grão do século


Sabe a vontade que temos às vezes de compartilhar experiências gastronômicas com os amigos?
Ora é um restaurante agradável, um prato deliciosamente bem feito, a atmosfera de determinado espaço por causa da decoração, a descontração da culinária de um chef, a carta de vinhos com preços assimiláveis pelos seres comuns.
Tudo isto é resultado de um fato único: as impressões de quem viu e saboreou com prazer um alimento bem feito.
O oposto disto também é verdadeiro. 
Quem não foi a um restaurante e odiou? Quem não detestou aquele molho branco com romãs azedo em excesso? Ou mesmo achou a coxinha macilenta, engordurada e teve vontade de sumir quando veio a conta?
Não é assim?
À mesa com as cebolas é um novo blog onde você pode entrar por aqui (sempre publicarei o Link) ou também segui-lo diretamente se os temas lhe agradarem. Nele escreverei sobre os lugares que visitei, pratos que merecem ser repetidos ou odiados para sempre, sem deixar de lado dicas de vida saudável com os alimentos. Afinal, seremos resultado do que escolhemos hoje, não é?
Agradeço desde já sua visita e seus comentários sempre que você achar pertinente. Ou mesmo suas próprias dicas. Quem sabe não inauguramos lá uma via de mão dupla interessante?

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Dilemas Contemporâneos da Cultura (82)

Dança-Henri Matisse-Museu Hermitage

Vejam se não tenho razão.
Há pouco tempo, vi publicado na imprensa regional que determinado diretor de determinado Museu, insistia em dizer à reportagem que aquela iniciativa com pouco mais de 1500 obras era o Louvre do Estado. Assim falou o Zaratustra da cidade e assim publicou o jornal que o entrevistou. Tivesse este a naturalidade de tratar o assunto com humor, o texto ficaria bem interessante.
Bobagem isto? O que tem de mal fazer isto?
Ora, o Museu do Louvre possui a segunda maior coleção de pinturas do mundo (perde apenas para o Museu Hermitage de São Petersburgo, Rússia) com 12.000 obras, com um acervo museológico total de 380.000 itens, dos quais 35.000 em exposição permanente.
A questão é simples: por que colocar em foco uma comparação que qualquer indivíduo razoavelmente informado consegue discernir sobre o seu despropósito? Esta necessidade de comparar o incomparável cria distorções que se perpetuam e esta é uma característica acentuada em várias direções e não se trata de um patrimônio exclusivamente daquele estado.
Ao que parece, estes arroubos de ufanismo regional, são fruto de certa incompreensão da importância de se fazer bem feito e deixar que o fato fale por si.
Um museu é importante, mesmo que seja feito apenas para contar a história de um bairro, os erros e acertos de uma família, os hábitos e costumes de uma comunidade, sem a necessidade de se vender comparando-se ao QuartierLatin, à família Kennedy ou ainda à civilização Maia.
Tudo isto se torna relevante quando vira piada como aquela velha história da pequena rádio do interior que diariamente é apresentada como “falando da pequena cidade para o mundo”.
As pessoas precisam perceber e negar isto. Não é mania regional. É doença enraizada.
Os estrangeiros gostam das nossas florestas porque são paisagens diferentes, com características diferentes e não porque não têm floresta na terra deles. Precisamos multiplicar isto, por mais simples que possa parecer. Faça o teste, pergunte para algumas pessoas e veja como são esdrúxulas as respostas.
Acabar com a megalomania de que temos o melhor isto ou o melhor aquilo é tão saudável quanto achar que é tudo pior isto, ou pior aquilo. Os dois extremos são péssimos.
Podemos viver muito bem olhando o que temos de bom, corrigindo o que é ruim e com simplicidade, delicadeza, generosidade consigo e com os outros.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Nota de Rodapé (19)

 Ruy Ohtake


Dia destes já no final da Rua Diógenes Ribeiro de Lima, em direção ao centro, vi, imponente, o edifício projetado pelo Ruy Ohtake. Magnífico, contraste retumbante com o céu azul daquela tarde.
Os exageros na adjetivação apenas lembram o que pensei quando vi o prédio com os vidros avermelhados naquela estrutura inusitada que se projetava algumas dezenas de metros acima do chão. Uma combinação instigante de curvas, projeções, vidros e cerâmicas.
Aí está um exemplo de construção que não envelhece e o que explica meu desejo (e necessidade) de me dedicar ainda mais ao estudo da arquitetura.
Alguns arquitetos como Ruy têm a coragem da ousadia.
Ou alguém duvida que, para colocar na estrutura de um prédio uma fruta como a carambola numa estilização implausível, não precisa de uma grande certeza do conceito? Ou ainda, construir um hotel cuja forma sugere uma grande fatia de melancia, tendo ainda na fachada algumas pareces retorcidas em concreto com uma leveza e habilidade construtiva pouco vista?
A contribuição de Ruy Ohtake para esta maneira de olhar os espaços é incomensurável e tudo se resume – sem a pretensão de reduzir – na vocação árdua de criar.
A obra de Ohtake me foi entregue pelo acaso quando buscava refletir um pouco sobre certas questões evidentes em eventos culturais Brasil afora e me questionava sobre a importância de continuar aqui, depositando certo tempo no comentar certas questões que para mim são Dilemas. Dilemas da Cultura.
Parei 1 ano. Pouco mais de 370 dias para ser mais preciso ou pelo menos 200 textos não escritos.
Descobri o que move esta contínua vontade de comentar, opinar e criticar: uma inevitável esperança de que a atividade cultural no Brasil se consolide de forma regular, perene, com os setores criativos interagindo de forma madura, com recursos de fomento compatíveis com excelência, com a formação realizada de forma profissional, contínua e com a correta franquia de direitos à população.
Estas inquietações estiveram presentes o tempo todo neste ano sabático. O acúmulo de bobagens entrelidas (como não existe a palavra no Aurélio, lembre-se de entreouvidas o que é quase a mesma coisa) me deixou várias vezes irritado pela impotência de não poder corrigir rumos tão previsíveis, ou propor um debate a respeito e, principalmente, não poder ouvir outros que conhecem melhor determinados temas e aprender com eles, juntar-me aos experts para modificar.
Fiquemos assim por hoje. 
Textos curtos. Textos curtos.