quarta-feira, 16 de março de 2011

Dilemas Contemporâneos da Cultura (62)


À recente polêmica envolvendo a OSB juntam-se várias opiniões e artigos.

Trata-se de uma situação delicada, sujeita a vários pontos de vista, não se tratando apenas da observação de direitos e deveres, do poder de mando, ou da discussão do que cabe no modelo privado da Fundação.

A névoa das audições - é só uma névoa - está em primeiro plano, porque o estabelecimento de critérios e formas de avaliação é muito mais difícil do que parece. A essência desta discussão está nas relações de trabalho, do trabalho artístico, mas mais do que isto, concentra-se no novo modelo, em que as relações de poder mudaram radicalmente.

Já há algum tempo venho sinalizando aqui a necessidade de novos protocolos para a gestão na Cultura. Inevitavelmente, as orquestras brasileiras deverão passar por estas mudanças. 
Afinal, estamos tratando de uma necessidade premente de valorizar os profissionais da área cultural e isto exige a adoção de novos mecanismos. Vejam bem: necessidade de valorizar os profissionais e não o contrário. Neste entendimento, trata-se de estabelecer novos modus operandi que permitam melhor definição dos níveis de qualidade, dos objetivos de curto, médio e longo prazo, processos negociados de estabelecimento de metas.

Para alguns pode parecer uma posição conservadora, mas não vejo outra saída que não a negociação entre as partes. A construção do processo a partir do diálogo é mais difícil, exaustivo, demorado até, mas é o que consolida.

Tudo funcionará bem se os dois lados perderem o suficiente.

Parece uma afirmação insólita? Pode ser, mas observe à sua volta: o que de duradouro existe que não tenha sido através de um longo amadurecimento? Você verá que é tudo assim. Mesmo quando se trata de uma nova ferramenta de internet, por exemplo, sua consolidação se dá ao longo do tempo e a partir do esforço de muita gente.