sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Dilemas Contemporâneos da Cultura (93)


Motivo
Cecília Meireles (7.11.1901 - 9.11.1964)

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

As armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;



E também as memórias (pouco gloriosas)
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando,
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.


Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

(*) conheça Mariam Paré  aqui.

Ópera em Movimento (7)

Laura Aimbiré e Gilberto Chaves
em apresentação de Carmen, no formato Ópera Curta

O convite de hoje é para que você solte seus credos e ansiedades com uma ópera muito conhecida, porém um desafio enorme para quem dirige e para quem interpreta exatamente por isto.

Divirta-se com o programa Ópera em Movimento da Radio e Televisão Cultura que tive o prazer de criar e apresentar. Nesta edição, Carmen, de Georges Bizet.