quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A Ópera é Pop (5)


Nem sempre a publicidade acerta quando mistura ópera e produtos de consumo. Há alguns anos, fazia como exercício, encontrar títulos de ópera que pudessem ser associados a sabonetes, marca de chiclete, automóveis conversíveis, eletrodomésticos, computadores, iogurtes. Para quem gosta de ilações, pode ser um passatempo divertido.
Mas não é sempre que os publicitários de plantão acertam.
A piada padrão é a quebra de taças, garrafas, janelas, objetos de decoração com a voz. Sempre é uma cantora rechonchudinha, muitas vezes com chapéu de viking com os indefectíveis chifres, a boca vermelha: o clichê, do clichê, do clichê. 
E para quem vê estas coisas e não é nenhum expert no assunto, fica a impressão de que de fato a voz humana pode quebrar copos, bastando que pertença a um cantor de ópera. 
Até onde se sabe, entretanto, não há registro em vídeo, foto etc, de alguém, cantor ou não, que tenha quebrado uma taça de cristal com a própria voz sem qualquer recurso de amplificação. Mesmo a lenda em torno de Caruso que teria a facilidade de executar a façanha, foi desmentida por sua mulher após a morte. 
Em artigo da revista Scientific America Mind (clique aqui para visualizar o artigo inteiro) Jeffrey Kysar, engenheiro da Columbia University, explica para a ex-cantora e jornalista/editora Karen Schrock que a física pode recriar o fenômeno, mas somente em condições excepcionais um cantor poderia de fato quebrar copos com a voz.
Ficção à parte, nem sempre a publicidade transfere o humor para a platéia como acontece neste comercial de cerveja que pode ser visto clicando aqui. 
No comercial, os amigos são idiotas e "castigados" pela ironia como tratam o tema, recebendo o exemplo adequado do vizinho de poltrona da frente. 
E a ópera continua pop.

Carlos Gomes no Mapa do Brasil (41)



A imagem de hoje não é familiar para muita gente.
Um piano esquisito, uma pianolita, um sintetizador antigo ou um dos pioneiros teclados com sampler de 1 k de memória?


Nada disto é verdade.
Trata-se de um telégrafo dos "modernos". 
Da mesma maneira que expressões como "cair a ficha" (*) surgiram em decorrência da tecnologia, "telegrafar" determinada informação (no jogo informando burramente ao adversário a próxima jogada, entre amigos, no trabalho) também surge assim. O telégrafo representava uma comunicação direta, rápida e alguns usuários tinham um endereço telegráfico que os indicavam. Estes endereços telegráficos eram tão populares que acabaram designando grandes organizações. O Banco Brasileiro de Descontos tinha o endereço BRADESCO, o União de Bancos Brasileiros conhecido no telégrafo como UNIBANCO acabaram tendo o apelido mais famoso que o próprio nome. Mas não eram só bancos. RHODIA era o endereço da Usines de Rhône, PANAIR da companhia aérea Pan American, ALTON o da Companhia Byington de Colonização Ltda (formada pelo AL de Alberto e o TON de Byington, nome do presidente).


Pois muito bem, ALTON deu o nome à cidade de Altônia no Paraná onde, no centro, encontra-se a Praça Carlos Gomes (clique aqui para visualizar), um logradouro circular, arborizado e bastante tranquilo, que também homenageia o compositor. 


(*) Quando se usavam os "orelhões" (as cabines telefônicas de rua com um formato de concha que ficaram assim conhecidas) com telefones de ficha (uma moedinha de metal vendidas em cartelas), introduzia-se a ficha no local adequado e tirava-se o "telefone do gancho" (dava-se o nome de telefone à parte que possui um alto falante e um microfone. O primeiro para ouvir e o segundo para falar, muito embora o aparelho telefonico antigo tivesse mais partes. O telefone ficava normalmente repousado numa peça chamada gancho). Após levantá-lo, discava-se num teclado numérico e quando a ligação era atendida, a ficha caia. Daí a expressão.