quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Dilemas Contemporâneos da Cultura (40)


Como já disse outras vezes, identifico três públicos para a Cultura (três financiadores): o espectador, as empresas e o governo (nas três esferas).

O eapectador ao pagar ingressos, comprar (baixar) música, objetos de arte, é um dos financiadores da Cultura. As empresas cumprem seu papel procurando devolver à comunidade o que obtem com a fidelização a produtos e serviços. Finalmente, os Governos ao franquearem os direitos de acesso à informação cultural seja através de aportes diretos vias fundos setoriais, incentivos fiscais e apoio ao empreendedorismo (financiamento de projetos com subsidios).

A ausência de investimento público ou de políticas públicas eficazes impedem que programas sejam criados e multiplicados e como numa espiral transversa tudo vem abaixo: as empresas (privadas) deixam de investir até por descrédito na atividade cultural; o público, sem acesso e, portanto, sem condições de entender a arte erudita, busca soluções de assimilação mais cômoda. Trata-se de uma sucessão de valores gradativamente destruidos quando governos são fracos e não investem recursos em programas estruturantes, com políticas de interesse geral para os vários segmentos da arte. Os problemas de gestão com a Lei Rouanet criados em 6 anos de gestão controversa, são um exemplo concreto disto.

Não se trata apenas de inaptidão de governos, mas muitas vezes a orientação política, a visão de cultura dos gestores, entre outros aspectos, produzem aberrações. Lembremos dos livros queimados durante o regime nazista, ou os instrumentos ocidentais (como se dizia) destruídos na China Vermelha de Mao. Aquelas didaturas tinham medo da cultura plural, do conhecimento e, ao mesmo tempo, cultivavam valores impostos como regra.

Se estamos distantes deste passado, felizmente, mas ainda temos graves problemas de gestão em outros níveis, o que nos assegura um futuro próspero para a atividade cultural?

Insisto sempre que solução está no fortalecimento do caráter associativo, a busca insessante de formar opinião, de gerar indagações, identificar possíveis aliados políticos, apoiadores empresariais e desenvolver mecanismos de aproximação com novas platéias, provocando-as com o caráter modificador da arte.