segunda-feira, 3 de maio de 2010

Carlos Gomes no mapa do Brasil (15)

Luiz Molz - Banquo - Macbeth
foto: Paulo Lacerda

- Mas, Mãe... Oito e meio?
O menino (para a mãe), rapazola de talento, não entendia. Sua mãe, professora de canto, lhe dera a pior nota do seu curriculum e, provavelmente, esta tenha sido a melhor lição que poderia ter recebido. Afinal, passados tantos anos, é da pior nota que se lembrou primeiro.

Dizer isto também não é justo. É impossível não lembrar e recomendar o “xis-mignon bacon” (assim mesmo com x, abrasileiradamente escrito) do Ponto de Cinema ou do “xadrezão” do Pereira, lugares freqüentados por estudantes, professores, milicos, intelectuais, seminaristas e toda a sorte de pensadores e cabeças vazias de que se tem lembrança.

Acho que Kalsruhe não é mais tão alemã desde que ele chegou lá. Nem o Badisches Staatstheater, onde trabalha, é o mesmo. Nos corredores de uma das principais casas de ópera da Alemanha, com orçamento e temporada técnica e artisticamente superiores a outras mais tradicionais, o baixo circula com a desenvoltura de quem desempenha em padrões de excelência os principais papéis da sua tessitura.

Claro que com saudades do Brasil. Mais proximamente da cidade onde nasceu e ganhou aquela nota insuportavelmente baixa e comeu todos os sanduíches que tinha direito. Só não saboreou os da Lancheria Carlos Gomes, onde saem da chapa os hambúrgueres de Elidia e Fernando, na Rua Carlos Gomes, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul.



O nome do menino, rapazola e hoje um dos grandes baixos brasileiros?

Ike para os amigos e Luiz Molz para todos que gostam da música bem cantada.

Dilemas Contemporâneos da Cultura (19)

Ópera de Paris

Em breve, passadas as eleições, certamente ouviremos dos novos Secretários de Cultura que não conhecem plemanente a atividade que estão desenvolvendo, mas que se esforçarão ao máximo para utilizar a experiência que possuem de outras áreas para ajudar a implementar a atividade cultural.


Este fato corriqueiro é fruto de um problema crônico: existem poucos gestores disponíveis. Ou seja, não é fácil encontrar profissionais que tenham forte visão administrativa com cacoete artístico ou vice-versa dependendo da necessidade de cada Cidade ou Estado. Como o cargo de Secretário é um cargo político, é comum a priorização da lide política à questão cultural. Nesses casos é também ordinário que se coloque a Cultura a serviço da política e não exatamente o contrário como é de se supor.


Há também a peculiaridade que este gestor precisa conhecer a máquina pública, os mecanismos que fazem com que ela funcione, suas travas jurídicas. Idealmente, precisaríamos de pessoas que tivessem o conceito da máquina pública, principalmente no que tange a boa gestão dos recursos públicos, com a agilidade e visão de futuro da atividade privada, com suficiente bagagem intelectual que lhe emprestasse o bom gosto pelas artes, a aceitação das diferenças, a apologia do belo, o respeito ao criador, a compreensão dos mecanismos que viabilizam a produção dos espetáculos, das exposições, as necessidades de cada ator no segmento.


Este superser é raro no Brasil. Mas caminharemos para isto. Há espaço para este tipo de desenvolvimento pessoal e esta é uma nova carreira necessária.