L'orchestre de l'opéra, quadro de Edgar Degas, 1870.
Em primeiro plano um musico toca o Fagote. (*)
Em “O amor pela arte – os museus de arte na Europa e seu
público”, de Pierre Bourdieu escrito com Alain Darbel, destaco a seguinte
citação no primeiro capítulo:
Deixem que as obras de arte manifestem sua eloquência
natural e elas serão compreendidas por um número crescente de pessoas; esse método será mais eficaz do que a
influência exercida por todos os guias, conferências e discursos. (F. Schmidt-Degener)
E logo abaixo, identificada como uma citação originária da
UNESCO, a conclusão de que O que era, essencialmente, um bastião
aristocrático tornou-se, em nossos dias um espaço de encontro para as pessoas
da rua.
Estes dois temas serviram de mote para estes Dilemas
Contemporâneos de hoje.
A obra de arte é em si um instrumento para despertar a
compreensão nas pessoas, seja uma obra de caráter museológico, seja um
espetáculo de teatro, de ópera. A chave para que este relacionamento se
estabeleça é o acesso. A obra fala por si.
Desta forma, basta, por exemplo, à ópera, que promova esta
aproximação, seja trazendo pessoas ao seu espaço, seja, na linguagem que lhe é
peculiar, criando espetáculos que possam ir às plateias por mais distantes que
estejam.
A ópera ainda é encarada como uma “reserva das elites” o que
é um erro de avaliação inclusive sob o ponto histórico.
No Brasil do século 18, foram criadas as Casas da Ópera em
várias regiões do país que se estruturava. Nestes teatros, apresentavam-se
óperas, grupos de teatro, concertos, leitura de poesias entre outras atividades
culturais. As Casas da Ópera foram as primeiras manifestações de política
cultural do Brasil, permitindo o acesso a informações culturais que até então eram
privilégio das cortes portuguesas instaladas no futuro país. As duas principais
motivações para a criação das Casas da Ópera foram de um lado a necessidade e
interesse na Cultura dita profana, já que até então estas atividades eram
restritas às igrejas, e de outro a crescente necessidade de socialização.
Assim, estes instrumentos culturais passaram a ser, como diz
a citação do início deste texto, dirigidas aos homens comuns.
Esta reflexão nos permite avaliar o que está sendo feito na
Cidade de São Paulo para atender esta natural demanda. Numa primeira análise,
atendimento de demandas culturais na cidade estão muito distantes do que se
pode considerar prática de política pública relevante. Mas isto é motivo de
conversas futuras aqui.
(*) Conheça aqui a sonoridade do fagote, um instrumento interessante, num vídeo da Radio e Televisão Portuguesa. No exemplo final, a musicista toca a linha do fagote no Bolero de Ravel. Você também pode ver aqui, o Bolero, de Ravel, na íntegra, numa versão da Filarmonica de Viena, sob a regência de Gustavo Dudamel.
(*) Conheça aqui a sonoridade do fagote, um instrumento interessante, num vídeo da Radio e Televisão Portuguesa. No exemplo final, a musicista toca a linha do fagote no Bolero de Ravel. Você também pode ver aqui, o Bolero, de Ravel, na íntegra, numa versão da Filarmonica de Viena, sob a regência de Gustavo Dudamel.