terça-feira, 27 de setembro de 2016

Dilemas Contemporâneos da Cultura (107)


Ops - por cepê


Há tempos e mais agora nestes tempos, algumas redes sociais passara a abrigar toda a sorte lamúrias, principalmente os revoltados "desabafos" de defesa de malfeitos. Como há audiência para quase tudo, não raro, desavisados, desinformados ou descafeinados indolentes tomam partido quando o melhor partido deveria ser ficar quieto e aguardar que a lei matemática resolva as equações que a vida impõe. 
Este é um viés que me parece interessante: vida e viver...
Nada mais livre do que viver em paz, adormecer sabendo que se fez a coisa certa. Um dia destes vi um dos comentários adoráveis do Mário Sérgio Cortella sobre a noção de capricho: "Fazer o melhor com o que se tem, enquanto não se tem condições melhores para se fazer melhor ainda". 
Conformismo? Modéstia? Falta de visão de mundo? Ingenuidade?
Claro que não. Apenas uma visão concreta da realidade e da perspectiva de se fazer para que ao final de tudo se tenha construído alguma coisa "no capricho", fazendo  o melhor com o que se tem, enquanto não se tem condições melhores para se fazer melhor ainda.
Pois acho que viver é exatamente isto. Poder fazer o melhor com o que se tem, enquanto não se tem condições melhores para se fazer melhor ainda.
E, principalmente, sabendo qual é a sua laia, pois não parece claro que estamos falando o tempo todo disto?
De fazer o melhor com o que se tem, com aqueles de sua laia, enquanto não se tem condições melhores para se fazer melhor ainda, longe da laia que não nos interessa. 
E se pensarmos bem, nada melhor do que contar com quem está na mesma frequência que você. 
Recentemente falei a algumas pessoas sobre a dificuldade de se conseguir realizar determinadas coisas quando não há entendimento sobre o que se está falando. Num exemplo, grosso modo, poderemos dizer que uma orquestra numa sala de concerto pode executar o repertório que quiser mesmo de platéia vazia e conseguirá o mesmo resultado de uma sala cheia, já que as suas ondas sonoras do mesmo modo se espalhariam a quilômetros, atravessando paredes e beneficiando a humanidade.
Ora, há um forte conteúdo de abstração nesta conclusão, mas são pouquíssimas as pessoas dispostas a entender este efeito - discutível - mas delicioso como livre pensar. 
Não é assim? 
Pois então, voltemos a viver e vida com os da mesma laia, fazendo o melhor com o que se tem, sem perder de vista que, sabendo o que e como fazer, é só trabalhar para criar as condições melhores para se fazer melhor ainda.