quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Dilemas Contemporâneos da Cultura (59)


Não existem conceitos absolutos e estanques, é claro, mas, de um modo geral, no Brasil, a ópera é arrogante. Obviamente não é a ópera - o gênero - mas a maneira como a ópera se apresenta. 
Vamos pensar um pouquinho?
De que maneira as pessoas que trabalham na área se preocupam com seu futuro? 
São raros os profissionais pensando estratégicamente a maneira como se fará ópera nos próximos 20 anos no nosso país. 
A impressão que se tem é que tudo está na dependência de uma solução que virá num estalar de dedos, da terceira dimensão mais próxima. 
Mais ou menos como alguns pais que colocam seus filhos na escola e esperam que venham prontos para casa não lhes cabendo nenhum papel na sua formação.
É um horror. 
Hora, vamos refletir. O cenário não é inovador faz tempo. Como se pode desejar que a ópera "volte" a ser sucesso de público se muito pouco se faz para criar diálogo com platéias. Vou repetir: diálogo.
Ao mesmo tempo, temos situações pouco confortáveis.
A ópera é um espetáculo grandioso por si. Como é possível a diretores criarem um bom espetáculo com menos de seis meses de antecedência da estréia. Excluindo os três ou quatro que conseguem soluções rapidas, criativas e viáveis, o resto é uma tragédia. No entanto, estamos cansados de ouvir falar de estréias miraculosas ao sabor de  soluções primárias.
Fico nisto por enquanto. 
Se não se consegue um mínimo de planejamento e seriedade no trato destas questões elementares de produção, o que se dirá do esforço de atrair novos espectadores?