terça-feira, 4 de novembro de 2014

Dilemas Contemporâneos da Cultura (92)


Não, senhores e senhoras que me dão o prazer de acompanhar este blog. Não enlouqueci. Não estou comparando futebol e cultura. Nem dizendo que futebol é como uma ópera sem um libreto definido ou que o esporte bretão (esta é bem antiga) se compara a um balé contemporâneo. 
Não, senhoras e senhores, que gastam seus neurônios inteligentemente comparando o cinema de Satyajit Ray ao de Vittorio de Sica, provavelmente sua maior influência. 
Não. Não estou dizendo que prefiro o futebol ao teatro do meu amigo Maurício Paroni. Nada disto. Futebol é futebol e sem Rogério Ceni o futebol é menos futebol. Deu para entender? Não? Então reveja o100 gol do goleiro Rogério Ceni em 27 de março de 2011 e encha os olhos de lágrimas pela empolgação do goleiro artilheiro ao marcar o 100. Na remota hipótese de qualquer outro estar no gol, o 100 valeria 1000 do mesmo jeito, mas com o também grande goleiro Júlio César, o feito ganha em efeito. Perfeito, não é?
Sim, senhores e senhoras sensíveis, cultos, que leram até aqui este texto. Sim. Estou escrevendo sobre futebol na esperança de que Cultura também seja tema de nossas conversas no dia a dia. Para que todo mundo conheça o teatro do Paroni, do Francisco Carlos, do Ivan e também do Falabella, do Fagundes, do Fúlvio, do querido Marcos Caruso. Para que mais pessoas conheçam todos os corredores do novo MAC, do bom e velho MAM, que discutam, o que se passa neste fenômeno contemporâneo que é o MIS-SP. Quem ainda não leu a mais nova edição de Gen? Precisamos falar mais sobre Cultura, pensar nos fundamentos, nas razões de ser desta atividade.
Por que se vai ao teatro e se gosta do teatro? Por que a gente gosta tanto de ópera? Por que tanta gente vai ao balé mesmo não tendo legenda? (Ok. Ok. Piadinha interna, porque balé é muito legal).
No futebol, as regras são claras e mesmo assim tem quem chuta feio, faz falta, leva cartão e até juiz tolo que não tem a generosidade de reconhecer o fenômeno de um goleiro marcar 100 gols e dar a ele um cartão amarelo por... pelo que mesmo, senhor... senhor...? (Qual era o nome daquele cara que apitou o jogo, hein?).
O senhor e a senhora, leitores, me perguntam por que falei de regras? Bem... cotoveladas, faltas e até mal juízes anônimos podem, comparativamente, existir em todo lugar e, nesse caso, o futebol é a metáfora fácil.

Mas, posso garantir aos senhores e às senhoras que não estou comparando futebol com arte, nem reinventando o futebol-arte. Nada disto. Apenas, falando de um gol e de um time de futebol. Ah, sim: lembrando de Cultura.