Não, senhores e senhoras que me dão o prazer de acompanhar
este blog. Não enlouqueci. Não estou comparando futebol e cultura. Nem dizendo
que futebol é como uma ópera sem um libreto definido ou que o esporte bretão
(esta é bem antiga) se compara a um balé contemporâneo.
Não, senhoras e
senhores, que gastam seus neurônios inteligentemente comparando o cinema de Satyajit Ray ao de Vittorio de Sica,
provavelmente sua maior influência.
Não. Não estou dizendo que prefiro o futebol
ao teatro do meu amigo Maurício Paroni. Nada disto. Futebol é futebol e sem
Rogério Ceni o futebol é menos futebol. Deu para entender? Não? Então reveja o100 gol do goleiro Rogério Ceni em 27 de março de 2011 e encha os olhos de
lágrimas pela empolgação do goleiro artilheiro ao marcar o 100. Na remota
hipótese de qualquer outro estar no gol, o 100 valeria 1000 do mesmo jeito, mas
com o também grande goleiro Júlio César, o feito ganha em efeito. Perfeito, não
é?
Sim, senhores e senhoras sensíveis, cultos, que
leram até aqui este texto. Sim. Estou escrevendo sobre futebol na esperança de
que Cultura também seja tema de nossas conversas no dia a dia. Para que todo
mundo conheça o teatro do Paroni, do Francisco Carlos, do Ivan e também do
Falabella, do Fagundes, do Fúlvio, do querido Marcos Caruso. Para que mais
pessoas conheçam todos os corredores do novo MAC, do bom e velho MAM, que
discutam, o que se passa neste fenômeno contemporâneo que é o MIS-SP. Quem ainda
não leu a mais nova edição de Gen? Precisamos falar mais sobre Cultura, pensar
nos fundamentos, nas razões de ser desta atividade.
Por que se vai ao teatro e se gosta do teatro?
Por que a gente gosta tanto de ópera? Por que tanta gente vai ao balé mesmo não
tendo legenda? (Ok. Ok. Piadinha interna, porque balé é muito legal).
No futebol, as regras são claras e mesmo assim
tem quem chuta feio, faz falta, leva cartão e até juiz tolo que não tem a
generosidade de reconhecer o fenômeno de um goleiro marcar 100 gols e dar a ele
um cartão amarelo por... pelo que mesmo, senhor... senhor...? (Qual era o nome
daquele cara que apitou o jogo, hein?).
O senhor e a senhora, leitores, me perguntam
por que falei de regras? Bem... cotoveladas, faltas e até mal juízes anônimos podem,
comparativamente, existir em todo lugar e, nesse caso, o futebol é a metáfora
fácil.
Mas, posso garantir aos senhores e às senhoras
que não estou comparando futebol com arte, nem reinventando o futebol-arte.
Nada disto. Apenas, falando de um gol e de um time de futebol. Ah, sim: lembrando de Cultura.