terça-feira, 6 de julho de 2010

Carlos Gomes no mapa do Brasil (19)

Rio Inhanduí
na cidade gaúcha de Alegrete

Numa homenagem sincera aos hermanos de viola no saco tal qual a equipa canarinho como diriam os portugueses a cantar fado além-mar, dediquei-me a pesquisar algumas proximidades cartográficas.

Bingo. A rua Argentina, em Alegrete, no Rio Grande do Sul, é cercada de outras também identificadas por nomes de países sul-americanos como Uruguai, Venezuela, Colômbia, só para citar 3. Para chegar à Rua Carlos Gomes é fácil: saindo da Argentina, pega-se a Assis Brasil e virando à esquerda, vai-se em frente até a Duque de Caxias e uma das travessas é a própria.

Nesta diversão que me arrumei, acabo percebendo o quanto é fascinante a história do Brasil, a formação do nosso território e das cidades. A história de Alegrete é uma das mais vigorosas aventuras que se pode descrever, mostrando uma cidade ativa, forte, de memórias inesquecíveis.

A cidade tem 5 emissoras de rádio: Rádio Alegrete - AM, Rádio Gazeta - AM, Rádio Minuano - FM, Rádio Nativa - FM, Rádio Sentinela - FM (Comunitária). Os nomes são parte desta ilação divertida que identifica as raizes. Uma, a Alegrete, lembra Luis Teles da Silva Caminha e Menezes - o Marquês de Alegrete, que emprestou o nome à cidade. A segunda, a Gazeta, rememora as antigas rádios que se dizem de notícias. Minuano, vento cortante, frio, mas também é tribo regional. A Rádio Nativa reforça uma tipicidade gaucha onde nenhum brasileiro é mais nativo que aquele de lá. Finalmente, Sentinela, mais que vigília, certo sentimento de expectativa, introversão, solidão pampeira.

Está bem. Fui mordido pela tentativa de sentir a cidade, que não conheço, por um viés original. Se não fui, fica a outra dica: Alegrete está sobre o chamado Aquifero Guarani que apesar de lembrar a ópera de Gomes, recebeu a denominação em referência à tribo indígena. Ao mesmo tempo em que está sobre o aquífero, a maior reserva de água subterrânea do planeta, em cima, Alegrete tem na sua região, o Deserto do São João ou Deserto do Pampa. Deserto ou não-deserto porque tem chuva, a região é pródiga de possibilidades de lembranças, reconhecimento, aprendizado.

Interessante, não é? Vamos ver onde Carlos Gomes nos leva na próxima terça-feira.