segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Dilemas Contemporâneos da Cultura (73)

Bandeira equivalente à Letra T (Tango)
É péssimo que aconteçam acidentes em espetáculos de qualquer natureza. 
Não se pode atribuir ao acaso, às circunstâncias ou a forças do além o fato concreto de um acidente. Nada é ruim até que aconteça uma coisa grave.
No post 71, comentei exatamente a necessidade de se trabalhar com estruturas equilibradas e tendo o risco como a principal questão a ser minimizada nos trabalhos que realizamos. 
Todos sabemos o quanto estamos dispostos a fazer com que nosso trabalho aconteça da melhor maneira possível.  
Nisto reside uma questão importante: se a "melhor maneira possível" contraria princípios elementares de segurança, é melhor tirarmos da expressão a palavra possível.
O esforço artístico só faz sentido se expresso da melhor maneira.
O fato é que muitas vezes, por razões que podem ser compreendidas em várias situações, são negligenciadas algumas providências que poderiam reduzir a zero as possibilidades de acidente. 
Do mesmo modo que um gestor acredita que extintor de incêndio em ordem não faz falta, um técnico de luz pode subir numa estrutura sem equipamento de segurança e achar isto normal como sendo da "sua profissão", um outro pode pendurar uma determinada parte de um cenário numa vara e presumir que ela aguenta o peso correspondente, ou utilizar um arame que diz ser tão forte quanto um cabo de aço, ou um diretor pode achar que determinada solução brilhante pode ser encontrada já que o ator entusiasta  topou correr o risco. 
São estas bobagens que provocam acidentes. Cinco ou 6 pessoas a mais pulando num camarote podem significar 400 ou 500 quilos justamente naqueles dois metros quadrados danificados na emenda da estrutura.
Todo cuidado é pouco.
É preciso treinar pessoas, qualificar técnicos, gestores ou colocar bandeiras (*) do lado de fora dos teatros.
Volto ao tema.

(*) bandeira do Código Internacional de Navegação Marítima correspondente à letra T (tango), cujo significado é mantenha-se afastado de mim.  No curioso Código, juntar duas bandeiras da letra P (Papa), por exemplo, significariam fique muito longe de mim (usada em navios pesqueiros por causa das redes), o que sem dúvida poderia também valer para alguns teatros e casas de show.