quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Dilemas Contemporâneos da Cultura (71)

Ilustração de incêndio no Teatro Baquet
Porto - Portugal - 1888
Recentemente comentei da necessidade de se equiparem os teatros de forma a que com melhor infraestrutura se possam realizar espetáculos em melhores condições.
Quanto melhores as condições técnicas, maiores serão as possibilidades de utilização e, por consequência, maiores serão as probabilidades de espetáculos também melhores.
A questão não é meramente de caráter estético. 
Não se pode fechar os olhos para a segurança. São inúmeros os casos de acidentes decorrentes de teatros mal equipados ou mal dimensionados para suas atividades. 
Sem ser alarmista, corre-se muito risco no que diz respeito ao uso de equipamentos elétricos. Fazem parte da nossa realidade teatros e salas de espetáculos com emaranhados de fios nas coxias assustadores. Sem contar aqueles que, não tendo estrutura adequada, vivem do improviso de varas cênicas e varas de luz. 
Há mesmo gestores que se gabam de estarem a frente de determinados equipamentos não sei a quantos anos e, no entanto, as condições de trabalho deles e de suas equipes são miseráveis. O mérito deixa de ser o que se conseguiu trazer de melhorias para quem no teatro trabalha e nos níveis de segurança e conforto para o público e passa a ser o quanto não se fez para favorecer todos os interessados e a própria expansão da atividade cultural. 
Ora, sabemos que trabalhar em condições inadequadas não é demérito para ninguém, nem serve de desculpa para não se fazer um trabalho artístico sólido. No entanto, toda atividade cultural deve perseguir aperfeiçoamentos - principalmente técnicos e estruturais - para que a própria atividade em si seja ampliada e valorizada. 
Este diálogo entre artistas, gestores de cultura e administradores públicos deve ser permanente para que todos entendam e atuem na correção de problemas.
Caso não aconteça, a cultura para se uma atividade de alto risco. Apenas como lembrete, é só olharmos na nossa história, inclusive na história recente, quantos teatros no Brasil pegaram fogo. Não interessa a ninguém ver repetidos estes acidentes.