quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Dilemas Contemporâneos da Cultura (46)

La traversée difficile
René Magritte - 1926

Em continuidade ao post anterior e na esteira do comentário do Gabriel, vale ressaltar a proposta de formação de gestores em patamar universitário. 

Ora, um dos aspectos críticos é a falta de profissionais com formação na área da Cultura. 

Parece óbvio que um jovem de 22 anos recém formado em qualquer área de atividade não terá condições de assumir cargos de alta gerência imediatamente ao sair de sua faculdade sem um dose, digamos, fatal de risco. Isto não significa que este jovem profissional não tenha idéias boas e que não tenha condições de passar pelos processos de gerenciamento da sua atividade fim. Aliás, espera-se isto mesmo com as encubadoras universitárias, com laboratórios de gestão, estágios e outras soluções de mercado. 

A atividade cultural é muito elástica no seu escopo. Como se tratam de práticas próprias do comportamento humano, com fortes componentes de planejamento quando se trata de desenvolver políticas e programas, de pesquisa, das relações socio-políticas, dos efeitos da história na formação das sociedades e outros fatores além dos artísticos, é natural que a Cultura seja ainda gerenciada nos escalões superiores, por profissionais de múltiplas formações. 

É nesta hora que se dá o hiato já que não podemos supor que um engenheiro, um advogado, uma socióloga, historiadora ou agrônoma brilhantes na sua vida profissional e com múltiplos interesses na área da Cultura sejam capazes de trazer sua experiência, maturidade, conhecimentos científicos e vivências pessoais como futuros gestores sem pagar (e nos fazer pagar) alto preço por esta proeza, 

No entanto - observe-se que não estou tratando de nenhuma reserva de mercado - acho perfeitamente possível que cursos possam capacitar estes profissionais a assumir a gestão de áreas da Cultura. Permanece a ressalva de que a estes cursos não basta uniformizar a linguagem sob o ponto de vista da história, geopolítica etc., mas também é fundamental que se dê uma visão de aspectos práticos da operação dos equipamentos artísticos, da linguagem da área. dos riscos e problemas de gerenciamento entre outros aspectos. Infelizmente, não existem manuais práticos como nas rotinas de auditoria ou coisa parecida e esta é uma das razões da necessidade de se pensar esta área com mais cuidado.

Esta resposta deve ser trazida para a sociedade pelo mercado o mais breve possível.