terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Dilemas Contemporâneos da Cultura (49)


Onde o Barretão põe a mão alguma coisa está sendo feita para beneficiar... o Barretão. Isto está em qualquer cartilha de quem faz cinema. 

Não gosto, por princípio, das apologias pessoais porque aprendi que as forças que movem a Roda dos Ungidos na política possuem lógica própria, sendo muito grandes e díspares. Não vejo, portanto, com bons olhos os movimentos a favor e menos ainda os contra. 

Explico. Quando vi no passado movimentos a favor da permanência de alguém em algum cargo público, o resultado nunca foi bom para o pretendido. A rigor o único a sofrer era o próprio. Mesmo aqueles que se colocam no topo das listas, perderam pelos excessos de vaidade ou coisa que o valha. Sempre foi deste jeito. 

Da mesma maneira, quando se vê unanimidades como é o caso do Ministro Juca Ferreira, olho com mais cisma ainda para os que são contra. 

É inegável que o Ministério da Cultura teve em Gilberto Gil como titular, um interlocutor importante para pautar as agendas. E Juca Ferreira, primeiro na retaguarda, depois à frente do processo como Ministro, promoveu grandes avanços. 

Impossível não creditar os êxitos ao Juca e à equipe. Nas vezes que o ouvi e conversas que tivemos, sempre francas, abertas, ficou clara a disposição de negociar onde seria possível. Repito que os êxitos foram imensos, mesmo não sendo na velocidade que todos gostaríamos. A Cultura tem pressa. A Ópera tem pressa. 

Sempre será possível destruir alguma coisa pela crítica o que é péssimo quando os princípios não éticos passam a orientar o pensamento do crítico. 

Neste momento, estamos todos na expectativa de quem será o novo Ministro.

O Juca precisa ser Ministro? Claro que não e esta decisão caberá exclusivamente à Presidente eleita no xadrez de composição dos cargos. O Juca tem espaços enormes a ocupar (até torço - por ele - para que ocupe um muito apropriado para seu perfil e um enorme desafio, caso ele não continue em Brasilia). 

Combinemos então - se esta mudança é inevitável, necessária, politicamente insustentável ou coisa que o valha, que se mude o Ministro (cuja contribuição é inestimável, reconhecida), mas que não se mude o Ministério. Em sã consciência não há quem não queira que o Ministério da Cultura e as políticas para o setor sejam consolidadas naquele muito que já é consenso e aperfeiçoadas onde seja necessário. Vejam que no caso da Ópera e da Música Erudita, onde mantenho meu foco pessoal, é preciso estruturar todo o processo, começando praticamente do 1 (ou do 2). 

Amanhã, 8 de Dezembro, a Música se encontra em Belo Horizonte para a Feira Nacional do setor. Estarei lá.

Hoje, dia 7, o Barretão, com seu depoimento na Folha, coloca-se na contramão da história e nos faz a revelação surpreendente (preconceituosa) de que é contra a cultura de salão (sic) como denomina a prática do MinC. Certamente misturando conceitos, propôs que a indústria cultural passe a ser alçada da Indústria e Comércio, algo assim como levar bancos de imagens e bancos de sangue para a Febraban. Não fiz nenhum esforço para entender o que o ilustre pretendeu dizer, mas senti um cheiro de mofo, daquele cheiro da cultura dos porões, ou dos sótãos onde os macaquinhos cresceram, se deformaram e viraram godzillas.