sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Dilemas Contemporâneos da Cultura (50)

Banco Revisteiro da Pino*
designed by Grão

Recebi algumas ligações telefônicas sobre o "Dilemas nº49", o do Barretão, como dizem. Há certa unanimidade quanto à falta de elegância e cortesia com que foi tratado o tema pelo ilustre, como o chamo. Assim o qualifico porque sua presença marcante é característica no cinema brasileiro. 


Barretão pesou a mão. Respeitado seu direito à opinião fica a sensação de que era desnecessário este movimento do ilustre, a menos que outros interesses norteiem sua conduta. 


Imaginando que se trata apenas de opinião, o conteúdo é truculento, grosseiro e distante do debate. Se estivéssemos todos numa sala em que se discutisse rumos desta ou daquela política é aceitável que ânimos se exaltem aqui e ali. É até saudável que isto aconteça, sendo parte admissível nos debates acalorados. Mas, não. 


Ali foi um excesso incompreensível e sugere apontar para outro dilema contemporâneo: a truculência.


Certos temperamentos são inaceitáveis e a truculência precisa ser tratada como doença. É compreensível que as pessoas "estourem" em determinadas situações, mas o estilo "prendo e arrebento" de triste memória é uma aberração de convívio.


Todos nós da Cultura lembramos de casos em que alguém passou do limite (eu mesmo já tive num passado bem remoto, felizmente, um ou outro deslize desta natureza que alguns anos de análise facilmente colocaram no devido lugar). Conhecemos também algumas figuras cujo histórico é de contínuo desequilibro. Quem nunca ouviu falar do regente grosseirão... Ok. Não preciso dizer mais nada, pois todos têm na ponta da língua, uma meia dúzia de estúpidos em ordem decrescente de grandeza.  Diretores, cantores, produtores, secretários de cultura, sem exceção, todas as categorias são privilegiadas - e isto é uma ironia - por estas figuras inexplicáveis. 


Recentemente, um conhecido, sujeitinho bem ordinário, me fez várias ameaças porque ousei achar um seu projeto irresponsável artísticamente e medíocre. E olhe que não me proponho a fazer crítica da arte, ou coisa parecida, tendo apenas emitido minha opinião à época (não altero uma palavra do que disse e estou em condições de acrescer algumas vírgulas). Claro que não me refiro ao sujeitinho por causa do seu tamanho (nada tenho contra baixinhos barrigudinhos, já que não levo em conta as pessoas por suas características físicas). O sujeitinho do texto é a referência à pequenez das suas intenções e a correlação inversa da sua medíocre truculência. 


Pois bem, antes que digam que este post foi colocado para "passar recados" - o que seria uma prática truculenta - faço um habeas corpus preventivo** ressaltando que o objetivo é levantar mais um dilema: aquele  que ainda não nos indicou uma maneira de rejeitar estes corpos estranhos na arte.


A fala do Barretão pelo menos serviu para algumas coisas: para refletir sobre estes comportamentos, para lembrar que é da natureza dos cargos políticos a substituição de pessoas, mas sobretudo reforçar a idéia de que - como no caso do Ministério da Cultura - é preciso manter as conquistas e as formas de diálogo e transparência que as viabilizam. 


* Se você não entendeu o porque da foto, dê uma olhada no Dilemas nº 49
**em lembrança ao Marcos e Gabriel