Dança-Henri Matisse-Museu Hermitage
Vejam se não tenho razão.
Há pouco tempo, vi publicado na imprensa regional que determinado
diretor de determinado Museu, insistia em dizer à reportagem que aquela
iniciativa com pouco mais de 1500 obras era o Louvre do Estado. Assim falou o
Zaratustra da cidade e assim publicou o jornal que o entrevistou. Tivesse este
a naturalidade de tratar o assunto com humor, o texto ficaria bem interessante.
Bobagem isto? O que tem de mal fazer isto?
Ora, o Museu do Louvre possui a segunda maior coleção de pinturas
do mundo (perde apenas para o Museu Hermitage de São Petersburgo, Rússia) com
12.000 obras, com um acervo museológico total de 380.000 itens, dos quais
35.000 em exposição permanente.
A questão é simples: por que colocar em foco uma comparação que
qualquer indivíduo razoavelmente informado consegue discernir sobre o seu
despropósito? Esta necessidade de comparar o incomparável cria distorções que
se perpetuam e esta é uma característica acentuada em várias direções e não se
trata de um patrimônio exclusivamente daquele estado.
Ao que parece, estes arroubos de ufanismo regional, são fruto de
certa incompreensão da importância de se fazer bem feito e deixar que o fato
fale por si.
Um museu é importante, mesmo que seja feito apenas para contar a
história de um bairro, os erros e acertos de uma família, os hábitos e costumes
de uma comunidade, sem a necessidade de se vender comparando-se ao QuartierLatin, à família Kennedy ou ainda à civilização Maia.
Tudo isto se torna relevante quando vira piada como aquela velha
história da pequena rádio do interior que diariamente é apresentada como
“falando da pequena cidade para o mundo”.
As pessoas precisam perceber e negar isto. Não é mania regional. É
doença enraizada.
Os estrangeiros gostam das nossas florestas porque são paisagens
diferentes, com características diferentes e não porque não têm floresta na
terra deles. Precisamos multiplicar isto, por mais simples que possa parecer.
Faça o teste, pergunte para algumas pessoas e veja como são esdrúxulas as
respostas.
Acabar com a megalomania de que temos o melhor isto ou o melhor
aquilo é tão saudável quanto achar que é tudo pior isto, ou pior aquilo. Os
dois extremos são péssimos.
Podemos viver muito bem olhando o que temos de bom, corrigindo o
que é ruim e com simplicidade, delicadeza, generosidade consigo e com os
outros.
Vejam se não tenho razão.
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