quarta-feira, 7 de julho de 2010

Dilemas Contemporâneos da Cultura (27)

 A Sunday Morning in Virginia (1877)
by Winslow Homer

O que é isto? http://vimeo.com/12347285
Ou ainda com imaginar um rock chamado World Cup Official Song Song (Unofficial Song)  e licenciado de forma livre através do Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial 3.0 Brasil License?

E se isto foi feito num fundo de quintal, ou numa garagem e alimenta um site chamado The Sunday Morning (http://www.thesundaymorning.com/#_) onde dois irmãos se divertem nos domingos de manhã?

Isto tem chance de se multiplicar na rede como um viral?

Viral? O que é isto?

Imaginemos que cada um dos amigos do meu facebook pegue este vídeo e mande para todos os seus amigos, por pura brincadeira, ou por julgarem que tem alguma qualidade, ou só para ver no que dá. E de repente isto vira um hit, ouvido em todo o planeta, da noite para o dia, sendo descartado no dia seguinte, ou na tarde, na noite, sabe-se lá em que cybertime estaremos.

Qual o significado disto? E se ao invés de uma peça despretenciosa isto fosse uma obra com expectativas de resultados comerciais? Como funcionaria se isto fosse uma foto, ou um texto?

Como devem funcionar os direitos de autor? E de imagem?

Voltarei ao tema.

Dilemas Contemporâneos da Cultura (26)

Os Mutantes

O ato de escrever é compulsivo quando você toma gosto e os blogs são um exercício muito pertinente se você precisa de algum controle. Twitter de terceira ou sexta hora, até agora não consegui estabelecer uma relação cordial com o veículo a não ser para divulgar este blog, numa insistente metalinguagem, ou algumas twitadas do tipo twitkay (ok... inventei esta. Minha versão twitter do hay kay) ou uns microcontos (mania que peguei desde que mandei o primeiro para a ABL).

Aí está mais um dilema.

Já há muito a informação deixou de ser um arquivo, um file, uma library para se tornar uma nuvem incontrolável e em geométrica expansão. Isto mesmo: uma nuvem meteorológicamente imprecisa e supostamente imprevisível.

Se a Cultura sofria por falta de modelos e os processos de decisão estiveram por muito tempo influenciados por vetores políticos (nos governos e nas empresas patrocinadoras) ou por afinidade pessoal do gestor, agora as questões se sofisticam ainda mais.

Peguemos a música, por exemplo. Há algum tempo as gravadoras exerciam o papel seletivo oferecendo ao público aquilo que para elas constituia o chamado "produto de interesse comercial e adequado a determinado mercado". Este modelo acabou. O "mercado" - sabe-se lá quem é ele - determina o que deseja ouvir, o quanto, como, onde e o quanto vale a música produzida por este ou aquele cantor.

Quando trabalhei na Continental, detentora do selo Chantecler entre outros, lembro-me que foram várias as duplas sertanejas desejosas de um disco novo, pois isto ajudava a vender shows. Era prática corrente e óbvia que cantor sertanejo sem disco não "cantava" no rádio, e sem rádio não fazia show. Simples? Uma espécie de motocontínuo em que o disco, levava ao rádio, que levava ao show, que vendia disco.

A grosso modo, a música sobrevive (rá) de nichos em expansão. Do garoto que baixa, que ouve, que vai ao show, que conta e uma provável imensa rede possivel em torno de uma produção que dinossauros como eu preferem não imaginar, mas deixar que as idéias corram e fluam pelo prazer desta viagem interminável da criatividade humana.

A imagem do "garoto que baixa", longe de ser preconceituosa ou delimitadora, é só uma visão pueril de como se dão estes novos mecanismos que obriga a todos transitarem nestes novos formatos com a desenvoltura da descoberta, como se todos fossemos jovens em fase de alfabetização. E não é isto mesmo? Não estamos todos aprendendo a trabalhar com tecnologias antes somente pensáveis nas páginas de Flash Gordon de Alex Raymond?

Voltarei ao tema.