segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Dilemas Contemporâneos da Cultura (81)

É sempre interessante observar que tirando a tecnologia, a humanidade ainda se comporta como no século XIX.
Valores do liberalismo, da democracia e do socialismo, marcas típicas daquele século, servem de referência para propor e explicar o século XXI.
Da mesma maneira, a arte do final do século XIX aponta possibilidades presentes até hoje. A poesia de Mallarmé, a maneira como propunha o uso da palavra escrita também como forma de expressar a intensidade do texto entre outros, está presente na comunicação humana em plena tecnologia. ESCREVER ASSIM É LIDO COMO UM GRITO e o leitor se incomoda o suficiente. Repetindo: Isto Mallarmé dizia no século XIX. 
Muito embora os conceitos gerais do que é Cultura tenham se aperfeiçoado com a dinâmica de permanente movimento, procurando-se uma visão do tema que de fato universalize a forma de pensá-la, é no varejo que os problemas residem.
Explico.
Avançamos em tecnologia, em conceituação, mantendo valores e comportamentos do seculo XIX, com uma visão de século XXI, mas na gestão, criou-se uma forma híbrida. Muitos dos gestores, influenciados pelo instável século XX, não absorveram as possibilidades de uso da tecnologia, nem sequer mantiveram os valores do século XIX, tornando-se um grupo de "sem século" (dito assim para não manda-los mais para longe) que permanece à frente de estruturas, de organismos e entidades.
A simples constatação teria algum efeito se pudesse conduzir a algo prático do tipo sugerir que é necessário um profundo reajuste nos modelos de gestão e, principalmente, o aperfeiçoamento na maneira de enxergar os problemas gerais da Cultura e de encontrar soluções práticas à luz do conhecimento disponível. Um exemplo disto, foi a maneira como a Metropolitan Opera House modificou seu posicionamento ao abrir suas coxias e back stage aos cinemas do mundo, com transmissões ao vivo dos espetáculos. 
Há certa resistência ao marketing. Fala-se muito em marketing cultural e praticamente nada sobre marketing da Cultura, quando é imprescindível que soluções técnicas desta área do conhecimento estejam a serviço das instituições e desde suas atividades mais primárias.


É necessário romper com as formas de agir e buscar arejamento nas formas de pensar. Lição que serve para todos (inclusive para este escriba).