Angelus
de Roberto Ferri
Onde não há distribuição de riqueza, reina a barbárie.
Nós da Cultura Erudita parecemos ratazanas esfomeadas brigando pelo último pedaço de pão, pelas sobras de uma sociedade que desaprendeu a preservar o que deveria lhe ser caro e precioso.
A imagem é muito forte? Você que me lê não se sente um rato comendo migalhas? Ótimo. Menos mal. Um a menos.
Mas qualquer que seja o seu status, observe ao seu lado. Note o quanto os seus colegas reclamam, quanto dizem que preferem calar a falar, sabe como é, não é? Preste atenção, em quantos pensam em deixar o país em busca de oportunidade de trabalho, ou ainda quantos dizem estar em dificuldade.
Ou somos um monte de reclamões ou tem alguma coisa errada. As pessoas põem a boca no trombone por três razões: por que são músicos e o seu instrumento é este, ou, usando o trombone como força de expressão, têm uma perturbação que os leva a fazer estardalhaço por qualquer coisa, e, finalmente, como terceira hipótese, porque a situação está mesmo no limite.
Neste caso, estamos em tempo de reparação. É momento de reflexão e correção de rumo.