segunda-feira, 21 de junho de 2010

Dilemas Contemporâneos da Cultura (25)

Dona Militana em foto de Canindé Soares

A morte de um artista é um Dilema da Cultura quando não se deu a ele o suporte adequado para a que sua obra fluisse.

Sob o ponto de vista do artista, seu trabalho é como outro qualquer em que ele estabelece e se submete a rotinas próprias obrigando-se a administrar seus medos, angústias e também prazeres e realizações.

Para quem tem acesso à obra, entretanto, o artista é uma personalidade diferente.

O homem é espelho para o homem e isto significa que vemos no outro a imagem de nós mesmos, ainda que muitas vezes, seja preferível criticar no outro, como defeito do outro, nossas próprias imperfeições. Mas é raro o homem que percebe isto. Neste sentido e nesta ótica, o artista é imprescindível por levar o homem à reflexão de si mesmo e - de forma ainda mais abrangente - lembrar-lhe o tempo todo da sua finitude, da sua necessidade de fé, da importância de se acreditar e viver sob o domínio do bem.

São os artistas que têm o papel de nos lembrar. Lembranças do cotidiano, do nosso passado e lembranças do futuro projetado.

A arte é essencial.

Anteontem (dia 19) o Brasil ficou mais triste. Morreu Dona Militana, nascida Militana Salustino do Nascimento, romanceira de profissão. Morreu aos 85 anos em São Gonçalo do Amarante, cidade que já foi mencionada neste blog recentemente. Dona Militana deixou suas memórias de romances que aprendeu com seu pai, originários de uma cultura medieval e ibérica, narrando os feitos de bravos guerreiros e contando histórias de reis, princesas, duques e duquesas. Além dos romances, Militana cantou modinhas, coco, xácaras, moirão, toadas de boi, aboios e fandangos. Tudo isto está numa edição com 3 CDS (Cantares*) e outra chamada Songa também dá Coco.

Quem me manda a notícia é o Ledson França, Secretário de Comunicação de São Gonçalo, que nos abre mais esta porta e nos permite mais uma vez render homenagens à Dona Militana com cuja obra nos encontraremos muitas vezes ainda.


*quem tiver um me manda