quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Dilemas Contemporâneos da Cultura (61)


Conversava hoje com o administrador de um teatro numa das belas e interessantes cidades no interior do Estado de São Paulo. 


"Um dos problemas mais graves que temos - disse ele - é quando certas "estrelas" do teatro se apresentam aqui. Alguns entram no teatro e se portam como donos, impedem a circulação dos nossos profissionais, assumem o controle e não podemos fazer nada porque é um problema da pauta, é um nome importante".


Comentei com ele que esta é uma questão inadmissível e é uma questão de conceito. 


O teatro (os teatros) público está a serviço da comunidade na medida em que facilita o acesso à informação cultural. Ao mesmo tempo, está também a serviço dos artistas que o utilizam e para tal, precisa cumprir uma série de requisitos (instalações, limpeza, gestão etc.). 


Mas está a serviço e não servil a nenhuma das partes. Tanto a comunidade quanto os artistas têm o equipamento a seu dispor dentro de determinadas regras.


Cabe ao público comparecer, pagar ou não seus ingressos, utilizar adequadamente as instalações, obedecer às normas de segurança e preservação do espaço etc. Ao mesmo tempo, ao artista cumprir com suas obrigações contratuais, garantir a obediência as normas de segurança e regras de utilização etc. E ao teatro fazer com tanto um quanto o outro sejam satisfeitos nas suas demandas específicas, sempre levando em conta que a preservação deste bem público é condição de todo o processo. 


Não parece simples? Pois é. Precisa ser simples. 

(obs.: imagem www.omais.com)