Ópera de Sidney
foto de Max Dupain
A razão é muito simples. Quando se trata de um teatro privado, é um problema do investidor o que faz com seu dinheiro. Mas, quando o teatro é público, o problema é de todos e cabe ao poder público preservar a melhor maneira de utilizar os recursos oriundos dos impostos. Cabe aos profissionais a vigilância para que tudo seja feito como necessário.
É preciso que ao se construir um teatro se tenha clara a necessidade de fazer a obra e ocupá-la adequadamente. A obra de um teatro se completa quando o teatro está "vestido" por dentro com todas as necessidades resolvidas: a roupa da caixa cênica (varas de luz funcionando, de cenografia, equipamentos de luz, de som, camarins em ordem etc.).
Isto parece muito óbvio? É óbvio. Mas não é o que acontece na prática na maioria das vezes.
O Prefeito manda fazer a obra e a patuléia aplaude. Passada a fase de projeto, obra, vem a inauguração. Como o teatro não está pronto e geralmente já é fim de governo, a desculpa é inaugurar como der e ocupar depois. A turma da Cultura corre, aluga tudo luz, som e demais coisas. O Prefeito e as autoridades fazem discurso, entregam o importante teatro, valorizam a Cultura, posam para a foto e pronto.
O elefante branco segue em frente, sem iluminação artística, sem som, com goteiras, com problemas na porta do camarim que não fecha, a descarga que não funciona, o vazamento da pia, continua assim por anos, sem registro formal do Diretor do Teatro que é emprestado de outra Secretaria, com o técnico (o faz-tudo do teatro) se dividindo entre vários equipamentos.
Quem já viu isto?
A pergunta é como faremos para mudar esta realidade? Como modificar esta cultura oportunista? Como construir mais equipamentos culturais, mas de forma adequada? Como usar os erros cometidos aqui e no exterior a nosso favor?