sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Carlos Gomes no mapa do Brasil (26)


Fíéis do Círio de Nazaré  e a "Corda"
Belém - Pará

Hoje em Portugal, na cidade de Nazaré, acontece a festa do Círio, provavelmente a mais popular das festividades do culto mariano. Também em Saquarema, no Estado do Rio, a procissão do Círio de Nazaré - a mais antiga do Brasil - se realiza nesta data.

Mas é no domingo dia 10 (segundo domingo do mês) que o Brasil comemora em Belém - Estado do Pará - a maior manifestação religiosa católica do mundo.

O Círio, como chamam no Pará, tem "vela" como significado etmológico. E de fato as velas, sejam aquelas verticais, algumas do tamanho das pessoas, ou as que reproduzem partes do corpo humano ("ex-voto" do latim ex-voto sucepto, o voto realizado, o pedido) são uma das tradições do Círio. Em Belém, a festa religiosa torna-se multicolorida pelos inúmeros símbolos que lhe são agregados.

É no Círio que os paraenses recebem seus amigos, trocam presentes, fazem votos de futuro promissor e se reúnem nas casas em torno de pratos típicos não faltando às mesas o  delicioso pato no tucupi com arroz branco e a saborosa (e forte) maniçoba, iguaria sem similar no cardápio nacional.

Para quem vai ao Pará - a Belém - no Círio saltam aos olhos os Brinquedos de Miriti, objetos feitos do caule da palmeira conhecida como Miriti ou Buriti reproduzindo desde figuras da flora e fauna, como objetos do dia a dia (televisão, avião, carros etc.) ou grupos de pessoas desenvolvendo atividades cotidianas ou folclóricas (dançarinos, médico e pacientes etc.). Infelizmente esgotada para compra, é possível encontrar nas principais blibliotecas brasileiras o livro Brasil das Artes, onde é documentada por Luiz Braga, fotógrafo paraense, todo o processo de confecção dos brinquedos, da coleta da matéria prima à sua comercialização no Círio. O livro é resuldado de um trabalho de pesquisa nacional da historiadora e curadora Rosana Caramaschi, editado em dois volumes, com várias outras manifestações da arte popular, sempre sob a ótica de um fotógrafo representativo no Brasil.

A História do Círio de Nazaré no Pará começou por volta de 1700, quando, segundo a lenda, o caboclo Plácido, descendente de portugueses, caminhava nas proximidades do igarapé Murutucu (onde hoje fica os fundos da Basílica de Nazaré) e encontrou uma pequena imagem de madeira que reproduzia Nossa Senhora de Nazaré e era uma réplica da que existia em Portugal. Deste achado à construção de uma ermida e mais tarde a própria Basílica, registram-se inúmeros fatos místicos que vieram a reforçar a força da fé e religiosidade que a Senhora de Nazaré provoca.

É nesta cidade impregnada de fé e valores culturais que se encontra também uma Rua Carlos Gomes, próxima ao Theatro da Paz.

Nestes dias de comemoração do Círio em nome dos amigos Benedito Nunes, Maria Sylvia, Paulo Chaves, Gabriel Chaves, Gilberto e Lilian, Ney Messias, registro meu apreço ao povo paraense, desejando que as festividades sirvam de reflexão sobre a fraternidade, igualdade, liberdade de expressão e que se possa avançar para um Estado socialmente mais justo, culturalmente ainda mais expressivo e em paz sob as graças da Senhora de Nazaré.

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