quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A Ópera é Pop (4)

Magda Painno - interpreta Carmen
na Cia de Ópera Curta

O comercial de hoje foi visto em praticamente todo o Brasil. 
Quem não viu, aproveite para ver aqui o peixinho que cantava... e vendia ópera.


Este foi um trabalho bem sucedido de comunicação que uniu a graça dos peixinhos dourados, a música de Carmen e o objeto de desejo da grande maioria dos brasileiros.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Carlos Gomes no Mapa do Brasil (40)


Carlos Gomes morreu em 16 de setembro de 1996.


O compositor teve uma vida gloriosa. Seu papel na história da música no Brasil é muito relevante por ter sido a mais expressiva figura cultural do país no período. Talvez por estas razões e por certo desregramento na sua vida privada tenha acumulado apenas um saldo zerado ao final de sua peregrinação. 
Morreu em condições muito inadequadas. Retornou ao Brasil com a saúde muito debilitada, se recursos financeiros. Apesar das homenagens que recebeu nos últimos dias e durante o período em que foi velado em Belém (Pará) foi um final inesperado e incompatível com sua contribuição artística.
Ainda que seja um nome nacional, presente no mapa do país em várias cidades onde empresta seu nome a centenas de logradouros e milhares de estabelecimentos comerciais e educacionais, Carlos Gomes pagou um alto preço por sua glória, dada a rejeição que recebeu em vários círculos artísticos nos anos que se seguiram à sua morte. 
Para nos lembrar disto de algum modo, em Borá, o menor município Brasileiro não há nenhuma rua, avenida, vila, praça com o nome de Carlos Gomes. Lá ele não está no mapa. Entretanto, neste lugar que possui o menor número de habitantes do país, o menor número de eleitores e o maior percentual de habitantes acima de 13 anos no Facebook (93% da população), há uma rua emblemática: Rua Preço da Glória. 
Um aviso permanente de quanto é etéreo e fluido este caminho.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Nota de Rodapé (17)


1- Quem não a conhece, precisa ver Nise da Silveira - Senhora das Imagens, espetáculo de Daniel Lobo, com a a atriz Mariana Terra (estupenda).

2- Quem não viu, perdeu Sondra Radvanovsky, Juan Pons e Thiago Arancan, demonstrando a diferença de um elenco equilibrado com uma regência (Silvio Viegas) precisa e inteligente, direção (Carla Camurati) cuidadosa. Tosca no Municipal do Rio de Janeiro abre a temporada de coisas boas na ópera no Brasil. Virão mais e melhores.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Dilemas Contemporâneos da Cultura (78)

René Magritte - 1955

Em 1999, foram criadas as OSCIPs e as OS (inicialmente em São Paulo). Conceitualmente, siglas de qualificação de entidades (empresas privadas sem fins lucrativos) no âmbito Federal (OSCIP) e Estadual (OS).
Hoje as Organizações Sociais atuam nas mais variadas áreas como um braço burocrático do Estado, agilizando procedimentos, imprimindo a velocidade conceitual das empresas privadas.
Mecanismos desta natureza foram adotados em larga escala também na Cultura. 
As Organizações Sociais são contratadas para implementar programas específicos a partir das políticas definidas pelo Estado e são constituídas com um organismo com escopo de ação definido.
Ao serem contratadas, as OS têm autonomia de gestão cumprindo metas estabelecidas no seu contrato a partir de diretrizes definidas pelo Estado.
Não imaginemos que isto significa afastamento do Estado do processo ou mesmo redução da estrutura do Estado ao mínimo. Experiências nesta direção foram desastrosas.
Continua cabendo ao Estado a definição das políticas e programas que deseja implantar, o estabelecimento de diretrizes, o acompanhamento e avaliação do trabalho de seus contratados, determinando correções de rota, aperfeiçoamento de políticas, até substituindo uma OS por outra quando for o caso.
A OS não substitui o Estado, mas dialoga com ele, presta serviços como uma extensão autônoma. Se por um lado ao Estado cabe o papel político, às OS o entendimento deste significado.
A contribuição das Organizações Sociais pode ser muito grande na medida em que atuando com foco em determinados segmentos consegue auxiliar o fortalecimento das suas atividades fim junto à sociedade.
Da mesma maneira, é imprescindível a percepção do Estado da resposta da população a esta ou aquela iniciativa e a criação de respostas ativas a estas demandas.
Desta complexa matriz, fortalece-se todo o sistema. 



(*) Em outubro a obra 16 de Setembro de Magritte estará exposta na Tate Liverpool e certamente será alvo de visitação dos fãs do roqueiro ingles Marc Bolan, falecido em 16 de setembro de 1977, após sua namorada ter estourado numa arvore o carro onde iam . Além das datas, das árvores, a lua também era crescente. Diferente de hoje em que a lua é uma transição da Crescente para a Minguante. Coisas da Cultura que mistura tudo isto.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A Ópera é Pop (3)



Wally resolve partir, deixando para trás suas referências pessoais, família, amigos. Deixa apenas um lamento expresso na ária Ebben? Ne andró lontana (*)

A belíssima ária da ópera La Wally, de Alfredo Catalani, exprime a opção pela solidão da personagem. 
Num caminho semelhante, o comercial (famoso há alguns anos) do Whisky Ballantines, utiliza a ária de Catalani como trilha sonora e aposta em várias imagens cosmopolitas. A exemplo de Wally, o personagem que abre o anúncio partirá. Serve-se da bebida de sua preferência e compartilha - canta - o que pretende fazer. Todos os que ouvem a ária são solitários mesmo em grupo e se sentem confortados nesta circunstância. A frase final diz deixe uma impressão, reforçando o conceito, sem perder de vista a elegância, beleza plástica.

A ópera é muito presente no cotidiano das pessoas e é interessante quando se vê na comunicação de massa um resultado que se apropria do gênero de maneira tão sofisticada na conceituação. 


(*) A letra da ária está abaixo, e também pode ser acompanhada na gravação de Maria Callas clicando aqui.
Ebben? Ne andrò lontana,
Come va l'eco della pia campana,
Là, fra la neve bianca;
Là, fra le nubi d'ôr;
Laddóve la speranza, la speranza
È rimpianto, è rimpianto, è dolor!

O della madre mia casa Gioconda,
La Wally ne andrà da te, da te
Lontana assai, e forse a te,
E forse a te, non farà mai più ritorno,
Nè più la rivedrai!
Mai più, mai più!

Ne andrò sola e lontana,
Come l'eco è della pia campana,
Là, fra la neve bianca;
Ne andrò, ne andrò sola e lontana!
E fra le nubi d'ôr!

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

A Ópera é Pop (2)

 ©CP

Dizer que a ópera é uma maravilha, fantástica, a mais requintada forma de expressão, seria aqui puríssimo lugar comum porque é sabida certa tendência pró ópera neste blog. 
De passagem apenas, não há como negar que a ópera é uma forma de expressão absolutamente viva e estamos apenas no começo do que será o entendimento deste gênero no futuro. 
Não há dúvida que há um tipo de purista exausto que não admite qualquer intervenção na ópera ou usos que não sua exibição no palco. Chamo-os de exaustos porque ficarão cansados por tentarem achar para o gênero uma função que não a de se constituir numa gratificante experiência cultural e sob todos os aspectos e aproveitamentos possíveis. É importante registrar que existem outros puristas. Aqueles cultos, culturalmente bem  formados, com vivência multidisciplinar, são sempre bem vindos e sua visão de mundo pode ser uma contribuição de excelência para a ópera. 
A publicidade tem utilizado a ópera de maneira inteligente e são muitos os criadores e diretores que conhecem o gênero e sabem explorar os recursos que o espetáculo oferece. Afinal, sempre teremos a música de um compositor genial, com letras escritas por autores que conheciam a dramaturgia.
Um exemplo muito bem sucedido e emocionante é o comercial de Coca-Cola usando a ópera Pagliacci do compositor italiano Ruggero Leoncavallo que você pode ver aqui.
Mais interessante ainda fica se lembrarmos que no inicio da ópera, um personagem, Tônio, interpretando o prólogo, avisa a platéia que tudo é apenas uma peça e não a vida real. 
Ao misturar fantasia e realidade, o anúncio brinca com o Verismo em que fatos da vida real são levados ao palco. O garotinho - o mundo real - entra na fantasia do personagem e o trás para si. Uma solução bem divertida e emocionante, vocês não acham?

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Carlos Gomes no Mapa do Brasil (39)

Urso Polar
by Arne Naevra -  Shell Wildlife Photographer of the Year 2007

Houve muita confusão sobre quem conquistou o Polo Norte pela primeira vez.
Tanto o americano Robert Peary quanto o o seu conterrâneo Frederic Cook reclamaram para si a conquista do Polo. O primeiro dizendo que o fizera em 6 de Abril de 1909. O Dr. Cook anunciou em 6 de Setembro de 1909 (há 102 anos, nesta data) que alcançara o polo em 21 de Abril de 1908 - um ano antes.
Este episódio foi objeto de uma briga enorme entre os dois exploradores e quem gosta do tema terá relativa facilidade para encontrar informações a respeito.
Sem brigas e confusões, na cidade de Pereira Barreto, a Rua Polo Norte convive em paz com a Rua Polo Sul (veja aqui) e, bem próximo delas, está a Rua Carlos Gomes (veja aqui). Ela é curtinha, é verdade, mas está ali sem confusão nenhuma.
Se você for a Pereira Barreto ou a Ilha Solteira, aproveita para fazer uma visitinha. Conhecer as Ruas Carlos Gomes no Brasil é um passatempo interessante. Mande fotos.
Aproveite também para conhecer os animais do ártico que estão sofrendo com as alterações climáticas por lá clicando aqui.