2- Quem não viu, perdeu Sondra Radvanovsky, Juan Pons e Thiago Arancan, demonstrando a diferença de um elenco equilibrado com uma regência (Silvio Viegas) precisa e inteligente, direção (Carla Camurati) cuidadosa. Tosca no Municipal do Rio de Janeiro abre a temporada de coisas boas na ópera no Brasil. Virão mais e melhores.
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Nota de Rodapé (17)
2- Quem não viu, perdeu Sondra Radvanovsky, Juan Pons e Thiago Arancan, demonstrando a diferença de um elenco equilibrado com uma regência (Silvio Viegas) precisa e inteligente, direção (Carla Camurati) cuidadosa. Tosca no Municipal do Rio de Janeiro abre a temporada de coisas boas na ópera no Brasil. Virão mais e melhores.
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sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Dilemas Contemporâneos da Cultura (78)
René Magritte - 1955
Em 1999, foram criadas as OSCIPs e as OS (inicialmente em São Paulo). Conceitualmente, siglas de qualificação de entidades (empresas privadas sem fins lucrativos) no âmbito Federal (OSCIP) e Estadual (OS).
Hoje as Organizações Sociais atuam nas mais variadas áreas como um braço burocrático do Estado, agilizando procedimentos, imprimindo a velocidade conceitual das empresas privadas.
Mecanismos desta natureza foram adotados em larga escala também na Cultura.
As Organizações Sociais são contratadas para implementar programas específicos a partir das políticas definidas pelo Estado e são constituídas com um organismo com escopo de ação definido.
Ao serem contratadas, as OS têm autonomia de gestão cumprindo metas estabelecidas no seu contrato a partir de diretrizes definidas pelo Estado.
Não imaginemos que isto significa afastamento do Estado do processo ou mesmo redução da estrutura do Estado ao mínimo. Experiências nesta direção foram desastrosas.
Continua cabendo ao Estado a definição das políticas e programas que deseja implantar, o estabelecimento de diretrizes, o acompanhamento e avaliação do trabalho de seus contratados, determinando correções de rota, aperfeiçoamento de políticas, até substituindo uma OS por outra quando for o caso.
A OS não substitui o Estado, mas dialoga com ele, presta serviços como uma extensão autônoma. Se por um lado ao Estado cabe o papel político, às OS o entendimento deste significado.
A contribuição das Organizações Sociais pode ser muito grande na medida em que atuando com foco em determinados segmentos consegue auxiliar o fortalecimento das suas atividades fim junto à sociedade.
Da mesma maneira, é imprescindível a percepção do Estado da resposta da população a esta ou aquela iniciativa e a criação de respostas ativas a estas demandas.
Desta complexa matriz, fortalece-se todo o sistema.
(*) Em outubro a obra 16 de Setembro de Magritte estará exposta na Tate Liverpool e certamente será alvo de visitação dos fãs do roqueiro ingles Marc Bolan, falecido em 16 de setembro de 1977, após sua namorada ter estourado numa arvore o carro onde iam . Além das datas, das árvores, a lua também era crescente. Diferente de hoje em que a lua é uma transição da Crescente para a Minguante. Coisas da Cultura que mistura tudo isto.
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quarta-feira, 14 de setembro de 2011
A Ópera é Pop (3)
Wally resolve partir, deixando para trás suas referências pessoais, família, amigos. Deixa apenas um lamento expresso na ária Ebben? Ne andró lontana (*)
A belíssima ária da ópera La Wally, de Alfredo Catalani, exprime a opção pela solidão da personagem.
Num caminho semelhante, o comercial (famoso há alguns anos) do Whisky Ballantines, utiliza a ária de Catalani como trilha sonora e aposta em várias imagens cosmopolitas. A exemplo de Wally, o personagem que abre o anúncio partirá. Serve-se da bebida de sua preferência e compartilha - canta - o que pretende fazer. Todos os que ouvem a ária são solitários mesmo em grupo e se sentem confortados nesta circunstância. A frase final diz deixe uma impressão, reforçando o conceito, sem perder de vista a elegância, beleza plástica.
A ópera é muito presente no cotidiano das pessoas e é interessante quando se vê na comunicação de massa um resultado que se apropria do gênero de maneira tão sofisticada na conceituação.
(*) A letra da ária está abaixo, e também pode ser acompanhada na gravação de Maria Callas clicando aqui.
Ebben? Ne andrò lontana,
Come va l'eco della pia campana,
Là, fra la neve bianca;
Là, fra le nubi d'ôr;
Laddóve la speranza, la speranza
È rimpianto, è rimpianto, è dolor!
O della madre mia casa Gioconda,
La Wally ne andrà da te, da te
Lontana assai, e forse a te,
E forse a te, non farà mai più ritorno,
Nè più la rivedrai!
Mai più, mai più!
Ne andrò sola e lontana,
Come l'eco è della pia campana,
Là, fra la neve bianca;
Ne andrò, ne andrò sola e lontana!
E fra le nubi d'ôr!
Come va l'eco della pia campana,
Là, fra la neve bianca;
Là, fra le nubi d'ôr;
Laddóve la speranza, la speranza
È rimpianto, è rimpianto, è dolor!
O della madre mia casa Gioconda,
La Wally ne andrà da te, da te
Lontana assai, e forse a te,
E forse a te, non farà mai più ritorno,
Nè più la rivedrai!
Mai più, mai più!
Ne andrò sola e lontana,
Come l'eco è della pia campana,
Là, fra la neve bianca;
Ne andrò, ne andrò sola e lontana!
E fra le nubi d'ôr!
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
A Ópera é Pop (2)
©CP
De passagem apenas, não há como negar que a ópera é uma forma de expressão absolutamente viva e estamos apenas no começo do que será o entendimento deste gênero no futuro.
Não há dúvida que há um tipo de purista exausto que não admite qualquer intervenção na ópera ou usos que não sua exibição no palco. Chamo-os de exaustos porque ficarão cansados por tentarem achar para o gênero uma função que não a de se constituir numa gratificante experiência cultural e sob todos os aspectos e aproveitamentos possíveis. É importante registrar que existem outros puristas. Aqueles cultos, culturalmente bem formados, com vivência multidisciplinar, são sempre bem vindos e sua visão de mundo pode ser uma contribuição de excelência para a ópera.
A publicidade tem utilizado a ópera de maneira inteligente e são muitos os criadores e diretores que conhecem o gênero e sabem explorar os recursos que o espetáculo oferece. Afinal, sempre teremos a música de um compositor genial, com letras escritas por autores que conheciam a dramaturgia.
Um exemplo muito bem sucedido e emocionante é o comercial de Coca-Cola usando a ópera Pagliacci do compositor italiano Ruggero Leoncavallo que você pode ver aqui.
Mais interessante ainda fica se lembrarmos que no inicio da ópera, um personagem, Tônio, interpretando o prólogo, avisa a platéia que tudo é apenas uma peça e não a vida real.
Ao misturar fantasia e realidade, o anúncio brinca com o Verismo em que fatos da vida real são levados ao palco. O garotinho - o mundo real - entra na fantasia do personagem e o trás para si. Uma solução bem divertida e emocionante, vocês não acham?
terça-feira, 6 de setembro de 2011
Carlos Gomes no Mapa do Brasil (39)
Urso Polar
by Arne Naevra - Shell Wildlife Photographer of the Year 2007
by Arne Naevra - Shell Wildlife Photographer of the Year 2007
Houve muita confusão sobre quem conquistou o Polo Norte pela primeira vez.
Tanto o americano Robert Peary quanto o o seu conterrâneo Frederic Cook reclamaram para si a conquista do Polo. O primeiro dizendo que o fizera em 6 de Abril de 1909. O Dr. Cook anunciou em 6 de Setembro de 1909 (há 102 anos, nesta data) que alcançara o polo em 21 de Abril de 1908 - um ano antes.
Este episódio foi objeto de uma briga enorme entre os dois exploradores e quem gosta do tema terá relativa facilidade para encontrar informações a respeito.
Sem brigas e confusões, na cidade de Pereira Barreto, a Rua Polo Norte convive em paz com a Rua Polo Sul (veja aqui) e, bem próximo delas, está a Rua Carlos Gomes (veja aqui). Ela é curtinha, é verdade, mas está ali sem confusão nenhuma.
Se você for a Pereira Barreto ou a Ilha Solteira, aproveita para fazer uma visitinha. Conhecer as Ruas Carlos Gomes no Brasil é um passatempo interessante. Mande fotos.
Aproveite também para conhecer os animais do ártico que estão sofrendo com as alterações climáticas por lá clicando aqui.
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Dilemas Contemporâneos da Cultura (77)
Certa vez, escrevi isto acerca da Cultura:
A Cultura é forma de atestar ao Homem sua humanidade, de demonstrar-lhe que é capaz de se emocionar por amor, de ver sem medo, te ter esperança. É um bem coletivo que ratifica a sua humanidade. E não tem cor, não se curva às dislexias intelectuais, às veleidades políticas. Chamar a Cultura de processo é diminuí-la, muito embora sejam os processos a aproximar dela as pessoas. Sua intangibilidade só está na arrogância de quem a vê como propriedade para poucos, ou naqueles que se imaginam capazes sozinhos de levá-la a todos.
A dra. Maria Helena Pires Martins escreveu:
A cultura do entretenimento, ao oferecer o mundo como espetáculo constante, a ser consumido e descartado a cada novo momento, propicia a falta de reflexão, a imitação de padrões às vezes inadequados às necessidades sociais do grupo ou pessoais, a confusão entre realidade e ficção. Como exemplo, podemos citar a eleição a cargos públicos de tantos profissionais do entretenimento, sejam eles cantores, atores de cinema, ou apresentadores de programas sensacionalistas de rádio ou de televisão, como o caso de Afanásio Jazadi (eleito deputado estadual por São Paulo em 1986) que se promoveu à custa de exibir o mundo do crime.
Os textos continuam valendo?
Toda segunda feira, publicarei alguns sobre idéias a respeito da Cultura de forma a promover a reflexão sobre os múltiplos assuntos tais como cultura letrada, cultura oral, cultura regional, cultura e arte e por aí vai, sem qualquer pretensão enciclopédica.
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
Dilemas Contemporâneos da Cultura (76)
Peter Paul Rubens é um pintor intrigante (saiba mais sobre ele clicando aqui).
Seu estúdio produziu mais de 2000 obras num modelo de trabalho em que ele fazia os drafts iniciais e seus assistentes trabalhavam a pintura até o ponto de finalização em que Rubens fazia sua intervenção - a arte final.
Rubens pintou os principais expoentes da aristocracia de sua época e sua obra foi reconhecida em toda a Europa à sua época tornando-o uma referência da pintura barroca.
Pintou reis, rainhas, duques, esbanjando cores e alegorias na escolha dos seus motivos. Rubens morreu em 1640 rico, bem sucedido, tendo vivido muito bem e em paz consigo.
Pietro Paolo Rubens como assinou na sua versão "italiana" está sendo utilizado no post de hoje como uma reflexão a respeito do fazer artístico.
Todos nós artistas sabemos o quanto são complexas as conquistas para a vida toda.
O cantor lírico, por exemplo, passa anos de sua vida estudando, tanto quanto um bom médico, um engenheiro de excelência, um administrador, mas dependendo da sua voz - um instrumento especialíssimo, delicado, sensível - para a manifestação de sua arte.
Não há estrutura que ampare este profissional numa idade mais avançada, a não ser aquela que conseguiu construir ao longo de sua carreira quando teve condições e a orientação de preservar recursos para o futuro. De um modo geral, é o que acontece com o artista nas várias áreas.
Em termos práticos, este assunto delicado fica aqui registrado como algo a ser pensado para que na sua plenitude artística e humana os profissionais possam ter mecanismos de sustentação individual que lhes garanta um resultado perene na velhice.
Fazendo uma associação com Rubens e seu Hércules ébrio, proponho uma visita a uma divertida performance (clique aqui) para que, rindo e respeitando o nosso próprio trabalho, possamos refletir sobre a importância de preservar o artista.
De certo modo, é como um salto no escuro sem paraquedas (quem tem trabalhado comigo sabe do que estou falando), mas com a certeza de que há lá embaixo, em algum lugar, uma base que lhe dá sustentação.
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