terça-feira, 6 de setembro de 2011

Carlos Gomes no Mapa do Brasil (39)

Urso Polar
by Arne Naevra -  Shell Wildlife Photographer of the Year 2007

Houve muita confusão sobre quem conquistou o Polo Norte pela primeira vez.
Tanto o americano Robert Peary quanto o o seu conterrâneo Frederic Cook reclamaram para si a conquista do Polo. O primeiro dizendo que o fizera em 6 de Abril de 1909. O Dr. Cook anunciou em 6 de Setembro de 1909 (há 102 anos, nesta data) que alcançara o polo em 21 de Abril de 1908 - um ano antes.
Este episódio foi objeto de uma briga enorme entre os dois exploradores e quem gosta do tema terá relativa facilidade para encontrar informações a respeito.
Sem brigas e confusões, na cidade de Pereira Barreto, a Rua Polo Norte convive em paz com a Rua Polo Sul (veja aqui) e, bem próximo delas, está a Rua Carlos Gomes (veja aqui). Ela é curtinha, é verdade, mas está ali sem confusão nenhuma.
Se você for a Pereira Barreto ou a Ilha Solteira, aproveita para fazer uma visitinha. Conhecer as Ruas Carlos Gomes no Brasil é um passatempo interessante. Mande fotos.
Aproveite também para conhecer os animais do ártico que estão sofrendo com as alterações climáticas por lá clicando aqui.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Dilemas Contemporâneos da Cultura (77)



Certa vez, escrevi isto acerca da Cultura:
A Cultura é forma de atestar ao Homem sua humanidade, de demonstrar-lhe que é capaz de se emocionar por amor, de ver sem medo, te ter esperança. É um bem coletivo que ratifica a sua humanidade. E não tem cor, não se curva às dislexias intelectuais, às veleidades políticas.  Chamar a Cultura de processo é diminuí-la, muito embora sejam os processos a aproximar dela as pessoas. Sua intangibilidade só está na arrogância de quem a vê como propriedade para poucos, ou naqueles que se imaginam capazes sozinhos de levá-la a todos.


A dra. Maria Helena Pires Martins escreveu:
A cultura do entretenimento, ao oferecer o mundo como espetáculo constante, a ser consumido e descartado a cada novo momento, propicia a falta de reflexão, a imitação de padrões às vezes inadequados às necessidades sociais do grupo ou pessoais, a confusão entre realidade e ficção. Como exemplo, podemos citar a eleição a cargos públicos de tantos profissionais do entretenimento, sejam eles cantores, atores de cinema, ou apresentadores de programas sensacionalistas de rádio ou de televisão, como o caso de Afanásio Jazadi (eleito deputado estadual por São Paulo em 1986) que se promoveu à custa de exibir o mundo do crime.


Os textos continuam valendo?



Toda segunda feira, publicarei alguns sobre idéias a respeito da Cultura de forma a promover a reflexão sobre os múltiplos assuntos tais como cultura letrada, cultura oral, cultura regional, cultura e arte e por aí vai, sem qualquer pretensão enciclopédica.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Dilemas Contemporâneos da Cultura (76)


Peter Paul Rubens é um pintor intrigante (saiba mais sobre ele clicando aqui). 
Seu estúdio produziu mais de 2000 obras num modelo de trabalho em que ele fazia os drafts iniciais e seus assistentes trabalhavam a pintura até o ponto de finalização em que Rubens fazia sua intervenção - a arte final. 
Rubens pintou os principais expoentes da aristocracia de sua época e sua obra foi reconhecida em toda a Europa à sua época tornando-o uma referência da pintura barroca. 
Pintou reis, rainhas, duques, esbanjando cores e alegorias na escolha dos seus motivos. Rubens morreu em 1640 rico, bem sucedido, tendo vivido muito bem e em paz consigo.
Pietro Paolo Rubens como assinou na sua versão "italiana" está sendo utilizado no post de hoje como uma reflexão a respeito do fazer artístico.
Todos nós artistas sabemos o quanto são complexas as conquistas para a vida toda. 
O cantor lírico, por exemplo, passa anos de sua vida estudando, tanto quanto um bom médico, um engenheiro de excelência, um administrador, mas dependendo da sua voz - um instrumento especialíssimo, delicado, sensível - para a manifestação de sua arte. 
Não há estrutura que ampare este profissional numa idade mais avançada, a não ser aquela que conseguiu construir ao longo de sua carreira quando teve condições e a orientação de preservar recursos para o futuro. De um modo geral, é o que acontece com o artista nas várias áreas. 
Em termos práticos, este assunto delicado fica aqui registrado como algo a ser pensado para que na sua plenitude artística e humana os profissionais possam ter mecanismos de sustentação individual que lhes garanta um resultado perene na velhice. 
Fazendo uma associação com Rubens e seu Hércules ébrio, proponho uma visita a uma divertida performance (clique aqui) para que, rindo e respeitando o nosso próprio trabalho, possamos refletir sobre a importância de preservar o artista.
De certo modo, é como um salto no escuro sem paraquedas (quem tem trabalhado comigo sabe do que estou falando), mas com a certeza de que há lá embaixo, em algum lugar, uma base que lhe dá sustentação.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A Ópera é Pop (1)

imagem do comercial "os poneis malditos" para a Nissan
Criação Lew Lara\TWA
A maldição do pônei pega. Não tem jeito. 
O pior de tudo é que quando ouvi da primeira vez tinha a absoluta certeza de que já ouvira aquilo em algum lugar. Para a geração dos anos 1980, aqueles cavalinhos coloridos com glitter e florzinhas foram companhia constante das meninas e motivo de brincadeiras para a molecada, consumidores que agora estarão com seus 20 anos ou mais, prontos para comprar seu próximo carro etc. 
A publicidade tem destas coisas. Sempre aparece uma forma nova de dizer aquilo que todo mundo pensa que já sabe. Com a velocidade da comunicação nas redes sociais, quando conectei hoje à tarde o comercial do pônei (clique aqui) já atingira 11.806.558 (isto mesmo: quase doze milhões) de acessos. Um viral, como se diz, de propagação exponencial. 
A publicidade tem esta força de deixar para as pessoas a sensação de intimidade com produtos e, sem que os consumidores se deem conta, utilizando aquilo que já faz parte do seu universo cognitivo.
A ópera está sempre presente na publicidade. Quando aparece a imagem clássica de uma platéia lotada e as cortinas vermelhas de um palco monumental, não há quem não associe aquilo a erudição e bom gosto. A música é emocionante, acrescenta um movimento interno de tirar o folego de qualquer um. Mesmo quem não conhece o gênero sabe que ali sempre irá acontecer algo apoteótico, impossível de ser reproduzido pelos seres humanos normais. 
Com estas idéias, a partir desta semana, toda quarta - sempre que possível - postarei A Ópera é pop com comerciais que utilizem a ópera como trilha ou mote. 
É comum termos que responder à pergunta se a ópera é popular. Já falei sobre isto algumas vezes no blog (e continuarei falando, claro), mas, neste caso, a ópera é pop mesmo já que entendo que a cultura pop é típica da comunicação de massa. 
Então vamos ao lado pop ópera e, para demonstrar a longevidade do gênero, vamos a dois filmes.
O primeiro, um comercial dos anos 60, divertidíssimo e usando um ícone da história da ópera: La Traviata. (clique aqui)
E outro, o comercial de lançamento de 2012 de um modelo de automóvel também utilizando um clássico da ópera: Turandot (clique aqui)
Como veremos daqui para frente, a publicidade tem na ópera uma matéria prima constante. É as vezes conservadora, outras vezes edita sem o menor pudor. E como a ópera, é irreverente, crítica, ousada, esperta, alegre...

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Carlos Gomes no Mapa do Brasil (38)


Por ter-se colocado contrário a certas idéias atenienses, Sócrates, o filósofo grego, foi condenado a escolher entre o exílio e a morte. Sócrates preferiu a morte. A morte por cicuta: um veneno poderoso que gradativamente imobiliza os órgãos até atingir o coração.

Em 30 de Agosto de 1748, nasceu, em Bruxelas, Jacques-Louis David que se tornaria o pintor oficial da Corte Francesa e de Napoleão Bonaparte.
A Morte de Sócrates foi exibida em 1787. No quadro, Platão está sentado de costas, entristecido. Críton(*) um dos discípulos está sentado com a mão no joelho de Sócrates que aponta para os céus. Outro oferece a taça com cicuta para o filósofo. Os demais demonstram sua angustia e discordância pela decisão do filósofo.
A Rua Sócrates**, em São Paulo, termina há duas quadras da Praça Contendas, na Av. Nossa Senhora do Sabará, uma continuação da Rua Borba Gato que corta a Rua Carlos Gomes**, no Bairro de Santo Amaro.

*recomendável a leitura de Críton, um dos Diálogos, de Platão, uma narrativa crítica sobre a decisão pela morte e de Fédon onde Sócrates expõe sobre a morte.
** a partir de hoje, por sugestão do Tomé Borba, no Facebook, estou incorporando os mapas dos logradouros denominados "Carlos Gomes" e outros, quando necessário. 

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Dilemas Contemporâneos da Cultura (75)


Em artigo recente, Daniel Piza comenta o suposto declínio americano. 
Concordo com ele: não veremos tão cedo esta mudança.
Alguns apressados continuarão vendo esta perspectiva de derrocada americano com óculos embaçados o que certamente lhes deturpa o resultado. 
Muito embora estejamos cansados dos americanos empaturrados de hambúrgueres, da crônica mundana de uma sociedade incrivelmente caipira e muito conservadora, somos realmente apaixonados por sua imensa capacidade de gerar pensamento. 
Aí está a questão que, no meu entender, neste século e nos próximos, se manterá como o diferencial de supremacia: quanto mais for capaz de produzir pensamento, maior será a capacidade de uma nação se manter à frente entre as lideranças mundiais. 
A questão que se avizinha é até quando a China,sem que produza saber compartilhado, evita que sua economia entre colapso? Manter uma sociedade faminta sob rédea curta deve ser um problemão proporcional à necessidade de produzir a cada vez mais. Mantê-la calada só às custas de amarras complexas. 
Há quem diga que o Brasil é o pais da vez, o futuro império...
Premissa errada. 
A geração de pensamento, a criação, não podem visar soberania já que esta não deve ser uma questão imposta, mas assimilada ao longo da história. O equilíbrio, ao que tudo indica, não mais se dará pela força física e, provavelmente, menos ainda pela questão econômica dada a fragilidade acelerada da chamada economia virtual e seus efeitos na economia real. 
A próxima vertente é cultural, pela capacidade de gerar e compartilhar formas de expressão, aquelas que dão ao homem a concreta visão de si próprio.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Dilemas Contemporâneos da Cultura (74)

by PEDRI ANIMATION BV

Não há melhor caminho para conhecer um teatro do que uma boa conversa com os técnicos. A pior coisa é quando o técnico nada tem a dizer. 
É preciso fazer um reparo antes de se crucificar o técnico.
A caixa preta é uma espécie de sacrário de uma categoria e não vai aí nenhum exagero ao qualificar o espaço com que sendo uma aproximação com o Divino, pois para quem vive e gosta de teatro ali há certa magia, certo romance e poesia. Por razões naturais, quem ali reside não vai abrindo os detalhes assim sem mais nem menos. Nada pior que um estrangeiro falando mal da casa alheia. 
Portanto, para saber do teatro é preciso conversar com os técnicos e fazer-se reconhecer por eles. Não há nada pior que um visitante que não conheça a liturgia do templo. Para ouvir dos técnicos o que é necessário também é preciso ter experiência. 
Superada esta etapa, se o técnico nada tem a dizer, a coisa é grave. 
Lembro que há muitos anos atras, fui a uma gráfica com um trabalho urgente e o proprietário chamou um técnico já velhinho e pediu a ele que tirasse as "provas com qualidade". As tais provas, vim a saber depois,  eram fruto de uns palitinhos de fósforo colocados estrategicamente no ajuste da chapa de off-set e que só o velhinho conhecia. Tirando o aspecto folclórico, imaginemos o risco e o tipo de resultado da tal gráfica no dia-a-dia. Isto é hoje impensável com as gráficas digitais e outros requintes que se espalham rapidamente condenando os equipamentos mais antigos à obsolescência.
Muito bem. Comete-se um erro grave quando não se mantém técnicos fixos nos teatros e isto acontece às duzias. Ou ainda quando se adota o regime de "um faz tudo". Os "factótum da cidade" ficam bem nas óperas como o Fígaro, em Il Barbieri di Siviglia, uma deliciosa comédia.
A preparação de novos técnicos é essencial não apenas para a operação correta dos equipamentos do teatro, mas também para sua manutenção. 
Imagine um teatro entregue a mãos estranhas (o visitante) por pessoas (os técnicos) que não conhecem a linguagem daquelas cordas, varas, refletores, panos e tecidos que se misturam com cabos de aço, fitas adesivas, sargentos,  parafusos, lâmpadas, refletores, gelatinas, cabos elétricos. 
Ainda que pareça um procedimento normal, em várias cidades brasileiras, isto ainda acontece numa frequência assustadora colocando em risco não apenas o patrimônio, mas principalmente artistas, os próprios técnicos e as platéias que utilizam os equipamentos.