segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Dilemas Contemporâneos da Cultura (80)

Ontem
por Rosana Caramaschi


No "Dilemas" anterior levantei a lebre* da reflexão acerca da utilidade da Cultura. Foi um tema de poucas respostas. 
A Cultura não interessa? O dia foi ruim? Foi uma segunda feira como hoje. Não cheguei a cruzar os efeitos da segunda feira na vida das pessoas, muito embora saiba que a Síndrome exista. Ela começa devagar no domingo, quando algumas pessoas passam a sofrer angustiadas com tudo o que recomeça na manhã seguinte. Não há quem não tenha passado por este incomodo em algum momento da vida. Outros sofrem (e suas empresas, parceiros, atividades). 
Por outro lado, é mais fácil para o blogueiro culpar os outros que achar defeito no próprio blog.**
O importante nesta e noutras questões é ter o bom senso de seguir em frente já que tudo não passa de uma fantasia, fruto do que pensamos. 
Sendo assim, vamos ao dilema de hoje. 
Com segundas feiras, domingos, sindromes ou não, uma das principais questões que se avizinha é até onde a Cultura deve se submeter às regras de consumo?
Melhorando a pergunta e expondo o conceito. 
Em 1947, na Dialética do Esclarecimento, Theodor Adorno e Max Horkheimer refletem a respeito da Indústria Cultural e o fato da produção cultural e intelectual serem dirigidas ao consumo mercadológico. 
Esta indagação está o tempo todo presente para o artista: os limites e as fronteiras de transformação da arte em mercadoria. 
Pode parecer que é uma inquietação supérflua porque a Cultura-mercadoria é melhor remunerada e somente tolos criadores não se deixariam levar por esta perspectiva. 
É preciso também uma reflexão aqui. Tolice ou fidelidade a um pensamento artístico que só possível se for vivo por si só, independente de resultados financeiros para quem cria?
Na outra ponta, nova reflexão. Há alguma relação entre quem vai a uma sala de concerto e este criador que não pensa em dinheiro? Quando alguém vai a uma sala fica imóvel, em silêncio, contendo suas reações, limpando disfarçadamente suas lágrimas, para estourar em aplausos ao final do último movimento. A observação desta regra é redenção, ou prisão? E o inverso para o artista? Submeter-se exclusivamente a arte  ou ao mercado, que efeito tem?


Segunda feira é dia de perguntas. Não de respostas.


*peço permissão para levantar uma lebre, usando esta metáfora de caça (em que se "revela algo que estava oculto") para recomendar um curioso site de provérbios antigos portugueses (conheça aqui), retirados do antiga edição do Livro dos Provérbios de Antonio Delicado, uma leitura divertida compilada pelo prof. Jean Lauand.
** Tenho tentado tornar o blog palatável e criar aqui um canal de leitura permanente. Isto passa por aperfeiçoar a ferramenta, criar posts diferentes sem perder a essência do projeto. Mas a sua opinião é muito importante e gostaria de saber o que vc pensa. Post aqui seus comentários (que ficarão públicos) ou use o e-mail cleberpapa.blog@gmail.com se vc prefere emitir sua opinião privadamente.

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