quarta-feira, 25 de maio de 2011

Dilemas Contemporâneos da Cultura (67)



Mutley e Dick Vigarista
Cartoon Network studios

É bom voltar a escrever após um longo (longo demais, é verdade) período que chamei de sabático muito mais para expressar o desejo que de fato o fosse. 


Mas não deixou de ser boa a sensação de ficar longe das redes sociais, deixar de lado a fúria de produzir texto diário, de correr pelos youtubes, twitters. Foi bom parar um pouco e acho que preciso dosar este acúmulo de coisas, principalmente por estar vivendo um momento muito rico, desenvolvendo um trabalho sólido no teatro, na ópera, com o Núcleo de Ópera Curta. Uma experiência muito boa, com colegas muito bons, com Rosana Caramaschi, com Luis Gustavo Petri, Wagner Pinto, agora com a Elena Toscano. Mas volto a falar disto com mais detalhes.


Hoje, o retorno, meio que precisa ficar marcado pelo quase prazer de ver o estado de coisas em Campinas com o acúmulo de denúncias, prisões, foragidos. Tipico de faroeste B como já vimos tantas vezes. O lado Mutley está rindo à toa com balõezinhos dizendo "não disse?", "tinha que dar nisto". 


Não dá para ficar indiferente quando uma Prefeitura de uma cidade como Campinas - vejam que é uma das mais importantes cidades do país - deixa-a neste estado de miséria intelectual. Entre as obras desta gestão, se dispuseram a acabar com o fosso de orquestra do principal teatro da cidade que passa por uma reforma. Está aí a oportunidade para os "de bem" congelarem as obras e proverem uma revisão do projeto.


Antes que perguntem o que eu tenho a ver com isto adianto que nada. Como profissional da área, tenho o direito de protestar. Lamento como cidadão, como brasileiro, como tantos campineiros lamentaram, que ainda se faça isto no Brasil. 


Não dá para encarar quando uma prefeitura faz isto. Insensibilidade com a Cultura é sinônimo de outros desvios de comportamento. 


Temos que ficar de olho: cidade com problemas desta natureza deve ter problemas de atraso de pagamento na área cultural, nepotismo nos cargos distribuídos, discurso retógrado e mau informado na formação de políticas públicas para a cultura ou coisas desta natureza. Todas são parecidas. 

2 comentários:

  1. Caro Cleber,

    parabéns pelo texto. Chamar a atenção para o caso de Campinas neste momento parece-me de extrema relevância para o mundo cultural brasileiro.
    Para elucidar, esclareço que a cidade está abandonada! Os equipamentos culturais estão sucateados ou fechados: o Teatro Castro Mendes que está numa reforma fictícia desde de 2007, onde nada foi feito apesar das inúmeras promessas. O Centro de Convivência Cultural, sede da Sinfônica, não tem hoje condições de uso e envergonha o seu público. A vida lírica da cidade de Carlos Gomes não existe para além de projetos amadores. A Secretaria de Cultura é inapta e desinteressada, valendo lembrar que foi comandada por quase 5 anos pelo atual "foragido" Francisco de Lagos. Os destacados grupos de Teatro da cidade, reconhecidos internacionalmente, não encontram espaço para suas atividades aqui. E, além disto, um movimento dos artistas de Campinas chamado LEVANTE CULTURA, encontra extremas dificuldades no debate com a prefeitura, que persegue seus integrantes com falsas acusações e utilização da "máquina" para desestruturação do movimento. A Rede de Pontos de Cultura do MINC no município teve seus trabalhos abortados pela conduta escusa da Secretaria de Cultura.
    E para finalizar, aquele projeto de uma ópera brasileira chamada VIOLA, sobre o qual conversamos em 2009, nunca obteve apoio na cidade. E por isso, inclusive, o projeto foi seriamente atingido, levando-me a uma transferência para o exterior para vislumbrá-lo realizado um dia, já que, a esta altura do campeonato, encontrar motivação para um trabalho desta monta no Brasil é tarefa hercúlea e reservada a poucos bravos como você.
    De qualquer modo, continuo com o interesse em desenvolver-mos uma parceria. Por hora agradeço a oportunidade, parabenizo-o por suas iniciativas e despeço-me atenciosamente, colocando-me a disposição para maiores informações campineiras,

    maestro Jansen Carnaúba Grininger
    jgrininger@gmail.com

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  2. Saí do "sabático" porque fiquei realmente impressionado com a questão do fosso do Castro Mendes que já foi objeto de uma longa polêmica na cidade. No meu modo de entender, soa uma grande e desnecessária intransigência do gestor. É preciso um basta neste tipo de situação. O voto não franquia direitos plenos ao eleito e são necessárias barreiras duras para evitar problemas como estes de Campinas na área da Cultura.

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