quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Dilemas Contemporâneos da Cultura (55)

xis - o império

Sabe-se lá quantas vezes passou pelo mesmo rito naquelas últimas semanas. Tudo muito difícil. As empresas sem a menor disposição para receber qualquer proposta de patrocínio...


Aliás, falar em patrocínio é uma tremenda hipocrisia. Não há repasse de recursos sem que haja uma leizinha de incentivo por traz, por mais simples que seja ou mais confusa que esteja. 


Não é patrocínio. Patrocínio é quando a empresa tira dinheiro do próprio bolso. 


Mas, vá lá... Vou continuar tratando disto como patrocínio para não insistir na tese correta e passar por chato mais uma vez.  


Pois é. Depois de certa insistência, tendo a indicação de um amigo comum para falar com determinada pessoa, ela conseguiu marcar uma reunião numa das empresas X do Mister X - um dos homens mais ricos do mundo. Repito: ela conseguiu marcar uma reunião numa das empresas X do Mister X - um dos homens mais ricos do mundo.


Duas pessoas muito jovens na reunião. Idade não é problema, mas despreparo é um horror. E o despreparo não é das pessoas, mas da empresa que emprega pessoas sem refletir corretamente sobre os seus próprios padrões de relacionamento. 


Quando uma das moças, gerente, diretora de marketing, tanto faz, disse que a empresa não tinha dinheiro e  que todo o investimento de uma das empresas mais ricas do mundo, do empresário entre os mais ricos do mundo, era para as ações de um tal Instituto do Mister X, ela chorou. Choro copioso, uma cachoeira do Niagara em cada olho. Tem que ser assim choro de cachoeira internacional por que o tal do Mister X, dono da empresa X, não é um xis vagabundo não... Ele é um AXE (Nada a ver com axé, axé music.... Lê-se "àquici" com este acento assim de pronuncia de infles...). O Choro foi de algumas dezenas de Niagara, choro internacional mesmo. Choro poderoso, sentido. Quando ela chora é fogo.


- Mas você tem certeza? - perguntou ela, sem se preocupar com as lágrimas, nem com o lencinho de papel que uma delas tirou da gaveta. Eu só estou precisando de R$ 100.000, 00 que serão pagos pelo governo. Não quero dinheiro... - chorou mais alto - do Mister X. - soluçou. Meu projeto é tão importante, para auxiliar tanta gente. Já tem 10 anos, só precisa deste restinho para terminar. E é - soluçou de novo - tão barato... Não e possível que na X1, X2, X3... X 20..., qualquer das empresas do Mister X não tenha este dinheiro ou a disposição de discutir isto...


- Não é que não tem... é que tudo isto é resolvido pelo Instituto do Mister X que já faz um monte de coisas com os incentivos e já gastaram tudo...


- É mesmo? perguntou chorando mais ainda... O que é que ele patrocinou neste ultimo ano?


- Se você prestar atenção vai ver que é muita coisa... - disse com orgulho infantil. 


Derrotada mais uma vez pela 23ª letra do alfabeto, ela se levantou, catou seus papéis e, mais uma vez, foi bater em outra freguesia.


Quando perguntei a Rosana Caramaschi por que ela chorou tanto, tive como resposta um olhar baixo, tímido que refletia apenas a humilhação, a revolta, o desprezo. 

Um comentário:

  1. Ô dó!!! Mister X não é generoso como o Mister M, que contava para nós como as mágicas funcionavam. Apenas não concordo com o despreparo da profissinal, e não culpo a empresa por não escolher melhores funcionários. Na verdade culpo a empresa por não preparar melhor a funcionária para se relacionar com um setor complicado, tenho pena da profissional por não poder escolher uma empresa melhor para trabalhar, e reconheço que todos nesta história, empresa e funcionários destas, sofrem pelo excesso de amadorismo que alguns (apenas alguns!!!) produtores culturais levam para as mesas de negociação, gerando esta mediocridade que a Rosana teve que passar e que todos nós passamos, por preconceito justificado. Enfim, chame a policia, chame o ladrão... Chame o MISTER M!!!

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