segunda-feira, 15 de março de 2010

Dilemas contemporâneos da Cultura (3)

Tanzerinnen ihre Shuhe bindend - Degas
Dançarinas amarrando sapatilhas
Nosso "enigma ancestral" , como disse no último post, é como fazer para que a produção cultural brasileira seja inserida - mais do que isto - seja percebida como uma contribuição estratégica e essencial para nossa economia, com reconhecimento internacional equiparada ao que se faz nos grandes centros produtores.
As industrias criativas respondem por mais de 15% do PIB*. Se levarmos em conta o crescimento economico indicado em todas as perspectivas apontadas por respeitáveis analistas nacionais e estrangeiros, o equivalente a este percentual em moeda corrente deverá aumentar proporcionalmente de forma estupenda nos próximos anos.
Permanece o dilema. Como fazer para que os municipios respondam de forma adequada a este novo salto de desenvolvimento? Como preparar as máquinas do Estado para aproveitarem esta oportunidade de forma inteligente?
Os impactos economicos nas familias têm efeitos rápidos. As pessoas aprendem depressa a conviver com mais recursos e se inserem sem muita dificuldade no mercado de consumo.
Superada a demanda reprimida por celulares, televisores de plasma, lcd, led (qual é o melhor mesmo?), computadores, esta nova classe média buscará satisfazer suas expectativas de consumo de cultura.
Se este raciocínio lógico na aparência for verdadeiro, o Brasil viverá uma demanda muito forte de produtos culturais e, considerados os resultados do investimento que estão sendo feitos na educação, uma, no mínimo razovável, compreensão dos direitos indiividuais de acesso à cultura.
Ainda no campo das hipóteses, é razoável supor que em paralelo o cidadão aprenderá a fazer exigências proporcionais à contrapartida do voto.
Esta maldita herança das mazelas políticas escancaradas - esta a verdadeira herança maldita - dará ao País a oportunidade de um novo pacto ético.
Inspirações de Eleanor H. Porter à parte, acredito - e nisto estou em ótima companhia - que daremos certo e que a produção cultural será reconhecida como mais um motor de desenvolvimento.
O dilema persiste. Entretanto, uma pista: o voto será determinante do futuro. Portanto, senhores da política, empresários, senhores que detém o poder, preparem-se. A matriz do seu desenvolvimento passa por um novo olhar sobre a questão social e, em especial, pela ação cultural. Quem tiver respostas práticas, viverá crescendo.
Alguém duvida? Sempre haverá quem duvide. Mas, pelo que me contaram até hoje, o mundo muda por quem acredita.
*Para quem quiser e não souber onde achar, posso enviar algumas informações recentes que demonstram a fatia ocupada pelas chamadas indústrias criativas no bolo da economia Brasileira. Basta solicitar aqui mesmo no blog.

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