quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Sistemas de valores às avessas!

Le tricheur a L'as de carreau
Georges de la Tour


Sem exagêros, alguma coisa está errada além daquelas que já estão muito erradas.

Vamos lá. O que me interessa - e a você leitor - o que acontece com a vida privada de um famoso jogador de golfe? Não é esquisito ver uma intimidade que não nos diz respeito exposta a outras milhares de pessoas em todo o mundo "sob o patrocínio" da marca que empresta milhões de dólares ao esporte? Parece haver aí uma demonstração descomunal de forças e uma submissão desumana.

Não me venham com teorias de marketing para explicar o processo todo, pois as conheço muito bem e de cabo a rabo. Não me interessa, mas um olhar mais aprofundado, em outros tempos, concluiria que isto empresta mais valores negativos do que o inverso.

Da mesma maneira, acreditar em excesso de divulgação de doações humanitárias tem o mesmo peso quando se imagina um velhinho de barbas brancas, de roupinhas vermelhas descendo pela chaminé. Traduzindo: acho muito estranho celebridades internacionais em festejos de Momo, se meterem a divulgar que estão arrecandado ou doando fundos para instituições. Desconfio destas coisas, pois vejo valores na doação anônima ou no mecenas que não manda a fatura.

Não é um absurdo torcidas* organizarem brigas de rua com toda a sorte de violência, num momento em que o mundo inteligente pede paz? Ou um jogador (por acaso brasileiro) ser ameaçado de morte porque mudou de time na Sérvia? Não dá.

A Áurea, que me escreveu sobre este tema, e você, leitor, poderão, sem dúvida, levantar mais uma tonelada de exemplos na história recente.

No que nos diz respeito, precisamos ter consciência de que vivemos uma batalha dificílima contra valores que pouco a pouco criam forma, misturam-se devagar com nossos cabelos, pensamentos e, quando nos damos conta, resultam numa massa alienígena nos engolindo pelas tripas.

Se a imagem acima é digna de um filme de terror B, nossa reação a isto precisa estar em outro patamar.

Temos que usar a unica ferramenta de que dispomos: nossa capacidade de pensar e dissernir sobre o que nos interessa e que legado pretendemos para nossos descendentes.

Só há saida pela educação e cultura. Precisamos de união em torno de idéias e valores éticos. Devemos enfáticamente negar a decadência. Só devem nos interessar o respeito, a confiança, a qualidade, a lealdade, o diálogo, a ética na vida e nos negócios.

De outro jeito precisaremos prestar contas do que bebemos, comemos, como dormimos, como pensamos.

E isto, não interessa.


*este blogueiro sempre torceu para o São Paulo, gostando de ver o Ronaldo nos jogos do Corinthians, os valorosos "meninos" do Grêmio de Porto Alegre, o Cruzeiro em Minas, o Botafogo no Rio. Doravante, não mais torço para time nenhum. Não dá para encarar a mediocridade que cerca o esporte.

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