segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Reflexão II - Ginástica para ouvir Carmen...
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Reflexões - I
Não é mais fácil pensar no bem comum? Se conseguirmos um resultado que seja bom para todos, certamente estamos incluidos no processo, não é verdade?
Então, é mais lógico pensarmos coisas que beneficiem o maior volume possível de pessoas.
É, dirão os realistas, mas a natureza humana é terrível. A história da humanidade está coalhada de exemplos em que alguns fazem o possível para prejudicar outros numa tentativa de obterem benefícios próprios. Ora, ora, senhores... Estes que assim agem, o fariam de qualquer modo, pois sua natureza não admite contrapartidas comuns. São mesquinhos, invejosos, maldosos, vis.
E o que fazer então?
Não sei. Cada um age sob os designios da sua formação, das suas relações, das suas fraquezas.
Do lado de cá, pois lados opostos existem, procura-se o bem estar coletivo, a edificação sólida e duradoura. Pode ser mais dificil, é verdade, mas é tão bom quando se vê o jardim pronto...
Qual o significado disto tudo?
Não sei. Mas acho que vale pensar a respeito.
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Banco bom é o da praça...
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Uma agenda para ópera.
Não fosse a presença do Ministro, não despertaria nada além da minha eventual curiosidade profissional, uma vez que seria um lançamento de um produto cultural qualquer, no caso, uma série de eventos sob o guarda-chuva de uma provável companhia de ópera, com certo cacoete mercadológico.
Não fosse a figura do polêmico maestro, provavelmente esta conversa não sobrevivesse a pouco mais de algumas linhas considerando inclusive o que foi apresentado comedidamente pelos veículos de comunicação. Primeiro, vamos a isto.
Com é prática nos veículos sérios, as aspas dizem muito. Como por exemplo, vender o tal produto com um desenho animado projetado no fundo do palco que "produzirá efeitos cênicos de grande comicidade e teatralidade inalcançáveis em encenações convencionais" (Revista Concerto -http://www.concerto.com.br/contraponto.asp?id=373http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20091113/not_imp465668,0.php).
Respeitado o direito de opinião, de criação e de julgamento dos donos do projeto, acho lamentável que uma companhia que se propõe de formação ou coisa parecida, negue de saída a essência da própria ópera que é a capacidade ilimitada de criação dos encenadores. Esse ranço autoritário da supremacia do saber me parece incompatível com os interesses das artes no Brasil. A citação em referência e o próprio contexto que envolve algumas afirmações do projeto conforme explícito nas matérias dos principais jornais, também soam de análise demasiadamente curta.
O que está em torno desta questão é muito mais complexo, entretanto. Considerando a abrangência da Cultura Erudita e sua condição de instrumento de formação por excelência, sua capacidade de estimular o pensamento e de criar mecanismos de entendimento do sentido de nossa identidade, estamos discutindo - e é isto o que interessa para o país - quais são os modelos e formas de inclusão, de que maneira vamos criar parâmetros sustentáveis para a rede econômica da Cultura, de que forma as empresas privadas podem e desejam contribuir para este processo.
Em 10 anos o Brasil mudou. A dinâmica é outra. Estamos projetando, desejando, instituições modernas, sem ranços individualistas, sem autoritarismo ou paternalismo. Nosso exercício diário é perceber onde os modelos antigos se repetem e isto não nos interessa. Precisamos construir a confiança nas pessoas e nas instituições.
Citando o economista Partha Dasgupta (Economia - Ed. Ática), "a falta de cooperação não requer tanta coordenação quanto a cooperação. Para cooperar as pessoas precisam não só confiar umas nas outras como também organizar-se por uma norma social que todos compreendam. É por isto que é muito mais fácil destruir uma sociedade do que construí-la". A Cultura vive este desafio tanto no plano macro, quanto no micro-econômico. Aliás, no post anterior, refleti um pouco sobre outros aspectos desta questão.
Ficarei somente nisto po renquanto. Volto ao foco e interesse deste texto.
A presença do Ministro é justificada pela frase "estamos sim devendo uma política sistemática para o setor" (O Estado de São Paulo http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20091113/not_imp465668,0.php ).
Aqui reside o seu mérito pessoal nesta história e a ópera fazendo parte da agenda de governo, muito embora ainda convivendo com certa ópera "Made in Brazil" (http://www.cultura.gov.br/site/2009/11/12/opera-made-in-brazil/).
Porém de fato, falta ao Governo Federal um programa estruturante para a área da ópera.
Volto a insistir na necessidade urgente de se discutir uma política consistente para a ópera no Brasil. Volto a cobrar posições sólidas do Ministério nesta área como já expressei em várias cartas e pessoalmente em reunições em alguns Estados.
Não nos basta fazer eventos que acontecem aqui e ali para sobrevivência do setor. Tenho comentado nos últimos posts as posições recentes do Ministro Juca Ferreira e minha concordância com vários argumentos e perspectivas que são do nosso interesse como artistas, produtores e platéia. E continuarei fazendo isto.
O Brasil mudou, está mudando. Buscamos qualidade, respeito aos artistas, queremos pensar o futuro. Somos sérios, orientados para o bem estar público, queremos um Estado que nos dê respostas e que discuta processos, mecanismos. Não somos um só. Somos um grupo, uma sociedade, cidadãos preocupados com o caráter associativo, organizacional de base. Estamos prontos para discutir e - aonde não estivermos - prontos para nos prepararmos para este futuro que virá, que já bate nas nossas janelas.
Ao contrário do que disse o maestro, segundo o jornal O Estado de Sâo Paulo, o Ministério da Cultura precisa criar políticas, precisa pensar programas. O papel dos artistas, criadores, produtores é colocar isto em discussão e de forma republicana, desenvolvendo e propondo práticas sintonizadas com o interesse coletivo.
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Meu nome não é Johnny.
O papel das artes eruditas é principalmente favorecer a reflexão. No post anterior, neste blog, lembrei a afirmativa do Ministro da Cultura de que "é necessário preparar o país e ampliar nossa capacidade de pensar e compreender o mundo contemporâneo".
Neste sentido, o filme, lançado em 2008, Meu nome não é Johnny - vivas a Selton Mello e Cleo Pires - como todo bom fazer artístico sugere uma enorme possibilidade de reflexão.
O que levou um jovem carioca, de classe média, com todas as condições culturais, sociais e financeiras para viver dentro de um padrão acima da maioria no Brasil, a se tornar o Rei do Rio? As ilações são as mais diversas possíveis e cada um faz sua leitura conforme lhe parece o espelho.
Não é assim nas relações humanas?
Terão sido a droga, as associações com o tráfico, o dinheiro fácil, a maneira como este ambiente parece favorecer a arrogância, o exibicionismo, a idolatria por dependência ou exclusão - coisas rasteiras da natureza humana - os mecanismos que delinearam aquele destino, modificando uma história que poderia ser traçada num modelo de equilíbrio e de menor desperdício daquelas qualidades individuais?
Muito bem. Trazendo esta mesma questão à área da Cultura, devemos estar atentos ao futuro.
O Brasil se prepara para o seu próximo passo em busca da qualidade, do aperfeiçoamento contínuo e desafiador das instituições, da continuidade das reformas estruturais e, principalmente, pelo inevitável e necessário fortalecimento das atividades de produção de Cultura.
Parece-me que há um incontrolável movimento de estruturação do saber, do acesso, da disponibilização dos "ativos" culturais. A sociedade aprende a cobrar novas posições do Estado e da produção cultural e os valores do conhecimento estão a cada vez mais explícitos.
Estes tempos colocam a arte em foco e sob holofotes. A arte e seus artistas.
Cheguei ao ponto. Nestes tempos que virão, criadores, produtores, pensadores, precisamos estar atentos ao novo pacto - digamos civilizatório - que está em curso sob a égide da ética, das relações cooperadas e associativas, da troca de informações, do compromisso com a qualidade, do respeito aos indívíduos, à criação, à formação de novos profissionais. Temos um papel importante na preparação do país e isto somente será possível se levarmos em conta a dinâmica do diálogo, da sensibilidade, da contribuição coletiva.
Afinal, que país queremos, que politicas culturais e formas de participação desejamos?
É bem provável que seja pensamento dominante a certeza de que desejamos políticas estruturantes e programas decorrentes desta nova ordem plural. O Brasil é um país de diversidade ímpar, constituído de coletivos hoje plenamente identificados, com condições institucionais que permitem avanços rápidos e seguros. Isto significa que precisamos ter clareza - e certa dose de idealismo - na condução dos próximos passos para vivermos uma verdadeira experiência republicana.
Não dá para aceitarmos o convívivio com a arrogância, o autoritarismo, nem às custas de manobras de poder, aspectos freqüentes em maior ou menor escala em algumas áreas da Cultura.
A arte é anárquica e é ótimo que seja, mas as condições para que se estabeleçam o criar e o questionar precisam de certa ordenação. Hoje - citando Paul Valèry - estamos ameaçados por duas calamidades: a ordem e a desordem.
São necessárias instituições sólidas, isentas, éticas, orientadas para o futuro, sem ocasionalidades e com status político aberto para a prática e proposição de novos temas e abordagens sob a ótica determinante do interesse público e transparência.
A tirania e a construção na mentira não devem ter espaço.
Esta é a clareza necessária ao pacto. O diálogo é a forma de construção e os corpos artísticos devem estar prontos para alimentar expectativas de cidadãos deste futuro próximo: cidadãos com aguda percepção crítica.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
A Cultura, o pré-sal e o Brasil
Muito embora discorde da deposição de esperanças no advento do petróleo "pré-sal" como já manifestei neste blog (ver post de 11/setembro/2009 - aliás, que data, hein?) e não seja o melhor amigo do Vale-Cultura, concordo com praticamente tudo que o Ministro Juca Ferreira expõe no texto na seção de Tendências/debates do Estadão do dia 5 de Novembro com o mesmo título deste post.
De fato, acredito que o Brasil esteja vivendo sob uma perspectiva de grande avanço na área da Cultura e, ufanismos à parte, há uma evidente posição favorável nos circulos internacionais.
Como disse o Ministro, "não se assume um papel de liderança apenas porque se tem dinheiro. É preciso ter valores próprios e propostas exequíveis para todos. Nada disso será possível sem disponibilizarmos educação de qualidade e acesso pleno à cultura para todos os brasileiros... Daí o acerto em tratar a cultura como parte de um projeto de nação, como parte da preparação do país para enfrentar desafios e ampliar nossa capacidade de pensar e compreender o mundo contemporâneo, construindo um desenvolvimento sólido e irreversível."